Tendo como estrela maior Gisele Bündchen, o segundo dia de desfiles da Fashion Rio foi marcado por estréias e por algumas belas apresentações. O mineiro Victor Dzenk conseguiu traduzir o glamour e a sofisticação do Hotel Copacabana Palace na sua coleção outono/inverno. O desfile, ocorrido pela manhã em dois salões do Copa, foi aplaudido de pé pela platéia, que incluiu as atrizes Maitê Proença e Rosa Maria Murtinho, a ex-miss Brasil Leila Schuster e a produtora de cinema Lucy Barreto. O estilista freqüenta o hotel há cinco anos e debruçou-se por meses sobre seu acervo. O resultado é uma moda feminina com vestidos longos e curtos, mas cheios de decotes e fendas.
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– É a moda que eu gosto. Nada daquela mocinha romântica de mangas bufantes. O inverno do Rio é assim: colorido, decotado. No máximo, um trenchcoat para quebrar o frio – desmanchou-se a empresária Luiza Brunet, uma das celebridades a assisti-lo.
Mais tarde, a Mara Mac fez nevar em pleno verão carioca – homens pendurados sobre a passarela lançaram papel picado sobre as modelos, num belo e delicado efeito. A estilista fez uma coleção aconchegante, com malhas felpudas, lãs, echarpes nos pescoços e sobreposições. O tema era “a mente e os devaneios” e “os caminhos e descaminhos do coração” e a apresentação foi embalada por canções românticas. Os miniboleros eram coloridíssimos, como as meias sob calças, bermudas e vestidos: roxas, laranjas, marrons. A grife trouxe também tons variados de branco e de preto. Mara explica as estampas:
– A marca vem se preocupando há algum tempo em desenvolver temas que tratam da interiorização. Trouxemos estampas de neurônios. Os tecidos são fluidos, como os sonhos. Tudo isso é expresso sutilmente nas roupas.
Ecologia
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A tarde foi também dos tecidos ecologicamente corretos. A baiana Luciana Galeão, que dividiu a passarela com a estilista Giulia Borges, no desfile Novos Estilistas, usou fibras produzidas a partir da polpa da madeira de árvores de reflorestamento. O tecido lembra sarja e seda. Já Katia Ferreira, da grife brasiliense Apoena, usou o moletom de Marles, feito com fibra de bambu e sarja acetinada Ypoa, da Vicunha, empresa que tem sistema de gestão ambiental.
Luciana, que se apresenta pela terceira vez no Fashion Rio, fez um belo desfile inspirado na África. Vestidos longos ou curtos vieram com a cintura marcada por mosaicos de couro. O inverno da estilista, que apostou nos grafismos e formas geométricas, é azul-marinho, preto, branco e tem tons terrosos. Já Giulia, capixaba que se estabeleceu no Rio, abriu a tarde apresentando roupas com nervuras, pregas e laços.
– A idéia é fazer um inverno tropical, sutilmente aristocrático – disse a estilista, que inspirou-se em Londres.
A Apoena também foi à Europa buscar o tema de seu desfile: os “lenços dos namorados” entregues pelas portuguesas aos amados que saiam para lutar em guerras. Kátia aproveitou elementos desses lenços – ponto de cruz, patchwork e até a escrita das namoradas – e os transportou para o tecido, com a ajuda de cooperativas de bordadeiras de Brasília. Nos vestidos, saias e coletes apareceram pontos de cruz gigantes, muitos laços e bordados. A apresentação foi bastante prestigiada: na primeira fila, as atrizes Mila Moreira, Isabel Filardis e Ângela Vieira e a socialite Vera Loyola aplaudiram as bordadeiras.
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