Novas vítimas denunciaram graves lesões durante cirurgias estéticas realizadas pelo médico Marcelo Evandro dos Santos, em Florianópolis. Letícia Mello, a primeira a denunciar o cirurgião na Capital catarinense, não foi a única convencida por ele a fazer uma série de procedimentos no mesmo dia. As informações são do g1 SC e NSC TV.
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Após ter queimaduras, bolhas, necrose e perda de tecido e passar por 12 cirurgias no mesmo dia e ficar mais de dois meses hospitalizada, Letícia Mello denunciou o médico que foi indiciado nessa segunda-feira (14) por lesão corporal gravíssima.
Saiba quem é o médico indiciado por lesões em procedimentos estéticos em SC
Diana Silva Antunes, nail designer e outra paciente ouvida pela NSC TV, conta que procurou o médico para colocar silicone e fazer uma lipoaspiração, mas durante a consulta, foi orientada por Marcelo a realizar mais três procedimentos. As cinco cirurgias realizadas em março de 2020 totalizaram 10 horas de anestesia.
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— Ele me disse que eu teria que fazer mastopexia com prótese, que só silicone não iria adiantar no meu caso e abdominoplastia com lipo, que ele poderia lipar papada, interno de coxa, joelhos, os braços, e que se eu fizesse a cirurgia ele me ia me dar um enxerto no glúteo também, que na época eu nem sabia que existia — contou.
Durante as consultas, Diana questionou o médico sobre o tempo de cirurgia e se era possível realizar tantos procedimentos ao mesmo tempo. Marcelo a tranquilizou e realizou as operações. Três anos depois, a nail designer se viu novamente em uma mesa de operação para remover as próteses. Ao fim da operação notou uma gaze sobre uma das mamas.
Segundo Diana, o seio dela começou a abrir e a formar uma casca escura, com o tecido necrosado, mas ao notificar o médico ele não demonstrava preocupação e dizia que era preciso aguardar e que “não era nada”. Em certo momento, Diana relata que o médico chegou a dizer que ela teve uma reação alérgica.
Flávia Alexandre da Silva perdeu parte da auréola após realizar uma redução de mamas. Marcelo disse que era normal a formação do tecido necrosado pós cirurgia.
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— Estava tudo bem, vim para casa feliz da vida, tinha realizado meu grande sonho. Começou a minha auréola a sangrar, a necrosar, e eu perdi um pedaço dela. Ele disse que era normal também. Quero justiça por mim, por todas nós — afirmou.
Condenações anteriores
Além do indiciamento, em que vai responder por crime, o cirurgião já foi condenado na área civil, anteriormente, ao menos quatro vezes. No caso mais grave, indenizou familiares de uma paciente que morreu após lipoaspiração, em 2021.
O Ministério Público de Santa Catarina afirmou que tem conhecimento sobre o caso e está apurando sobre as condições de atuação do médico. Um dos focos da investigação é saber se o cirurgião alertou as pacientes sobre os riscos das cirurgias.
— O objetivo também é identificar se essa cirurgia tem uma regulamentação específica e se está sendo feita de acordo com as normas legais administrativas junto ao Conselho Regional Federal de Medicina — disse o promotor de justiça Wilson Paulo Mendonça Neto.
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Leia o que diz a defesa de Marcelo
Em 23 anos na área da medicina, atuando nas especialidades de cirurgia geral e cirurgia plástica, sempre priorizei a saúde e o bem-estar dos meus pacientes, prestando o atendimento mais personalizado e humano possível, além de seguir e respeitar o Código de Ética Médica e todos os princípios e valores da profissão.
Solicito todos os exames necessários e forneço todas as orientações pré e pós-operatórias, além de estar sempre à disposição dos meus pacientes para atendimento e acompanhamento em casos de eventuais intercorrências. Esclareço que existem reações biológicas inerentes a cada paciente, as quais são informadas em termos de consentimento antes de cada cirurgia.
Como membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Society of Aestgetic Plástico Surgery (ISAPS) e da Associação Brasileira de Cirurgiões Plásticos (BAPS), estou em constante atualização profissional, realizando cursos de qualificação e participando de congressos voltados ao conhecimento e aprimoramento do domínio dos procedimentos em cirurgia plástica. Realizo uma média de 300 cirurgias por ano e, em todas, utilizo as técnicas mais modernas e recomendadas dentro da especialidade.
O Código de Ética Médica veda que o profissional exponha fatos dos quais teve conhecimento em razão de sua função, mesmo que tornados públicos. Além disso, os processos citados nesta matéria encontram-se sob sigilo processual. Por tais razões, minha manifestação sobre cada caso continuará sendo feita nos autos das respectivas ações.
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Tenho confiança na ética e no comprometimento com que conduzo o meu trabalho e estou seguro de que todas as acusações serão esclarecidas na justiça.
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