As fronteiras estão se fechando inexoravelmente aos requerentes de asilo na Europa com a introdução de novas cotas nos Bálcãs em meio às divisões em uma União Europeia à beira de um “desastre”.
Continua depois da publicidade
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, denunciou nesta sexta-feira as restrições impostas aos migrantes na região dos Bálcãs. O secretário ressaltou que as medidas tomadas “não estão em conformidade” com a Convenção de 1951 sobre os refugiados.
Depois de fortalecerem os filtros de entrada na fronteira da Macedônia até a Áustria, os países da “Rota dos Bálcãs” anunciaram nesta sexta-feira parte de um novo plano de cotas de migrantes: limitar a 580 o número diário de homens, mulheres e crianças em trânsito para o norte da Europa.
Este limite será implementado na Eslovênia, Croácia e Sérvia, por iniciativa de Ljubljana.
A Áustria, vizinha Eslovênia, reduzirá desta forma drasticamente o número de requerentes de asilo nas suas fronteiras, enquanto seu governo lidera a dissidência entre os países membros da UE partidários de uma redução drástica e imediata no fluxo migratório.
Continua depois da publicidade
Buscando uma aproximação cada vez mais hipotética dos 28 sobre o assunto, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, visitará na próxima semana Viena, Ljubljana, Zagreb, Sófia e Atenas antes de uma cúpula UE-Turquia em 7 de março.
O comissário europeu para as Migrações, Dimitris Avramopoulos, advertiu que a Europa chegaria a “um desastre” se não houver “convergência e entendimento” na cúpula em Bruxelas.
A determinação de Viena em conter os requerentes de asilo resultou em uma nova disputa diplomática com Atenas.
Nesta sexta-feira, a Grécia recusou-se a receber a ministra austríaca do Interior, Johanna Mikl-Leitner, que desejava “explicar a posição austríaca em detalhes e diretamente” a seus colegas gregos.
Continua depois da publicidade
A recusa grega ocorre após a retirada do embaixador de Atenas em Viena para “consultas”, em protesto contra a realização de uma reunião na quarta-feira entre os países dos Bálcãs e a Áustria sobre a crise migratória.
A Comissão Europeia e a Alemanha continuam a ver na colaboração com a Turquia uma importante chave para a saída da crise, contando com Ancara para conter a chegada de migrantes na UE, em troca de uma ajuda de três bilhões de euros.
As decisões da Áustria e dos países dos Bálcãs mostram que eles já não esperam muito deste plano.
Migrantes em balsas
O ministério do Interior esloveno explicou que a nova cota diária de 580 migrantes havia sido decidida na semana passada em uma reunião de forças policiais dos quatro países dos Bálcãs (Sérvia, Eslovênia, Macedônia, Croácia) e da Áustria em Zagreb.
Foi durante essa reunião que também decidiram suprimir os migrantes sem documentos ou documentos pouco confiáveis.
Continua depois da publicidade
Estas restrições em cascata causaram um congestionamento na fronteira greco-macedônia. Nesta sexta-feira, 4.000 migrantes esperavam na fronteira, enquanto apenas 100 pessoas foram autorizadas a entrar na Macedônia até o início da tarde, depois de 250 em toda a quarta-feira.
A Grécia luta para encontrar soluções de habitação de emergência para essas pessoas, planejando alojá-las a bordo de balsas atracadas nos portos das ilhas onde desembarcam.
Em um parecer jurídico consultado pela AFP, a Comissão Europeia considerou que o fato de um país da UE estabelecer cotas para os requerentes de asilo é uma medida ilegal, mas rejeitou ao mesmo tempo medidas para “deixá-los passar”.
O número de requerentes de asilo que chegaram ao Mediterrâneo atingiu quase 120.000 desde janeiro, de acordo com os últimos dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.
Continua depois da publicidade
Neste contexto, o governo alemão indicou que as autoridades não sabem onde estão 13% do um milhão de migrantes registados em 2015, aqueles que não se apresentaram nos abrigos aonde deveriam ir.
De acordo com o governo, as possíveis causas (para a ausência destes migrantes) podem ser um retorno ao país de origem, a continuação da viagem para outro país ou a ilegalidade.
bk-hec-smk/mct/mr/mvv