De passagem em São José para a apresentação do Projeto Ativa Biguaçu, o arquiteto e urbanista Jaime Lerner fala ao Diário Catarinense sobre o novo trabalho que tem foco na qualidade de vida, defende a utilização de um sistema aquaviário como alternativa para desafogar o trânsito da Grande Florianópolis e critica a qualidade do transporte público de Curitiba, referência mundial em planejamento.

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Diário Catarinense – Quais os diferenciais urbanísticos do Projeto Ativa Biguaçu?

Jaime Lerner – O essencial é criar uma alternativa importante para a região da Grande Florianópolis. Com esse momento bom que o município está vivendo, é necessário resolver o problema de espaço da Ilha. Então, as alternativas precisam ser aproveitadas da melhor maneira e a localização do Ativa Biguaçu é estratégica: fácil acesso pela BR-101 ou por um sistema aquaviário a qualquer ponto da Ilha e bom urbanismo. Viver, trabalhar, recrear, tudo acontecendo junto.

DC – Uma das principais crises urbanas contemporâneas é a questão da mobilidade. Como melhorar isso em Florianópolis?

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Lerner – Eu não vejo outra alternativa para a Grande Florianópolis que não tenha uma parte da mobilidade resolvida pelo sistema aquaviário. Não é com novas pontes que vamos resolver isto. Novas pontes só vão levar a novos pontos de congestionamento.

DC – Como ficou o projeto da Cidade X, do Eike Batista, que sua empresa de arquitetura planejou?

Lerner – Em função dos últimos acontecimentos, todos os empreendimentos ligados ao Porto Açu estão aguardando a solução dos problemas que aconteceram. Continuo achando que esse projeto que fizemos vai valer para o Porto, não importa quem esteja à frente, porque é uma obra necessária. Ela tem uma visão sustentável e quem quer que esteja à frente do projeto vai ter uma solução nesses moldes.

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DC – O projeto foi concluído?

Lerner – Está sendo detalhado, agora demos uma parada para esperar o que vai acontecer. Fizemos um contrato da parte inicial do projeto e cumprimos. Agora aguardamos o momento dessa solução financeira.

DC – Curitiba ficou reconhecida internacionalmente como referência em urbanismo. Que ajustes teriam de ser feitos hoje no projeto para readequá-lo à população atual e às demandas de mobilidade?

Lerner – A visão que sempre tivemos de Curitiba era o compromisso permanente com a inovação. A cidade é a que mais apresentou soluções inovadoras e é referência no mundo inteiro, mas que precisava continuar apresentando essas soluções. Obviamente, o sistema caiu em qualidade e acho que essa queda sempre foi a procura de uma justificativa para o metrô, que não é necessário. Faltou continuar investindo na qualidade do município.

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