Mais de 10 investigados e prejuízo de ao menos R$ 1,3 milhão aos cofres públicos. Novas informações do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e da Polícia Civil mostram detalhes do suposto esquema criminoso no Samae de Blumenau. Depois da operação deflagrada nesta terça-feira (5), a investigação avalia documentos apreendidos em busca de mais respostas.

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Cinco foram presos temporariamente. Gerson Albino Pelepe, agente de manutenção e servidor efetivo da autarquia, Dilton Grassmann, Alan Vandré Grassmann, Joel Vronski e Giovana Vronski. Os quatro últimos são empresários e estariam ligados ao suposto esquema de fraude em licitação e aumento nos preços de roçadas.

A operação da Polícia Civil que prendeu os cinco investigados foi deflagrada na manhã desta terça-feira pelas ruas da cidade e envolveu ao menos 70 agentes. Foram cumpridos, ainda, 22 mandados de busca e apreensão domiciliar. A reportagem apurou que foram apreendidos aparelhos celulares e eletrônicos com pessoas ligadas aos presos.

O atual presidente da autarquia, Michael Schneider, foi afastado das atividades sob a alegação de ter sido o responsável por nomear as pessoas supostamente envolvidas na irregularidade. Outros dois servidores sofreram o mesmo impedimento. Um deles Pelepe, que também foi preso.

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Uma ação civil do MPSC por improbidade administrativa divulgada neste ano cita com detalhes como cada um dos envolvidos teria agido. A Polícia Civil revelou que são 13 investigados ao todo. Pelo documento assinado pelo promotor Gustavo Mereles, para superfaturar os serviços de roçada, o grupo tinha desde o responsável por assinar os pagamentos indevidos até o servidor que alterava a metragem dos terrenos.

A estimativa do promotor é de que até o primeiro semestre deste ano o suposto esquema criminoso tenha causado prejuízo de R$ 1,3 milhão aos cofres públicos. Tudo começa em 2021, conforme o delegado André Beckman, da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção de Blumenau, quando ocorre uma licitação no Samae para contratação de roçada e limpeza geral das áreas de imóveis da autarquia.

Para a promotoria, conforme consta no documento, o Samae escolheu “a dedo” as três empresas que participaram da licitação que terminou com a escolha da investigada pelos desvios. Depois da vitória, ainda segundo a Polícia Civil, é que se inicia o suposto superfaturamento dos serviços. Assim, informando metragens que chegaram a superar até o triplo do tamanho real dos espaços, os envolvidos teriam recebido muito além do necessário para executar os trabalhos.

Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, a polícia obteve também o sequestro de veículos e imóveis que somam o valor de R$ 1,5 milhão. As empresas são alvo das investigações, assim como 13 pessoas envolvidas no suposto esquema. Ao menos metade delas são servidores ou ex-funcionários da autarquia.

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Beckman diz que aguarda a perícia nos objetos apreendidos para finalizar o inquérito, algo que deve ocorrer nos próximos dias.

Contrapontos

A defesa de Dilton Grassmann, Alan Vandré Grassmann, Joel Vronski e Giovana Vronski disse que tomou conhecimento da investigação nesta terça-feira e que “se torna extremamente prematuro prestar maiores esclarecimentos, ao menos por ora”. A advogada Janáira Reiter confirmou à reportagem do NSC Total Blumenau que os quatro permanecem presos.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Gerson Albino Pelepe.

Em nota, a prefeitura disse:

“Com relação a operação realizada na manhã desta terça-feira, dia 9, pela Polícia Civil, a Prefeitura de Blumenau, por meio do Samae, informa que todas as medidas cabíveis para esclarecer as notícias estão sendo tomadas. A Prefeitura ainda não recebeu nenhuma informação oficial sobre os fatos investigados. Mesmo sem decisão judicial de afastamento, acata-se o pedido da Polícia Civil de suspensão temporária da função do diretor-presidente do Samae.

Com a suspensão da função do diretor-presidente, o diretor administrativo-financeiro, Henrique Carlini, assume interinamente o comando do Samae. Ainda nesta terça-feira os serviços com a empresa investigada serão suspensos. Além disso, determinou-se um procedimento interno no âmbito do Samae, com apoio da Controladoria do Município, para esclarecer todos os fatos quando estes forem recebidos de forma oficial.”

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