As escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal (PF) na Operação Ave de Rapina, divulgadas hoje pelo Jornal do Almoço, da RBS TV, apontaram que o vereador Cesar Faria (PSD) – suspeito de ser uma das lideranças do esquema de fraudes em licitação em Florianópolis – teria conversado em particular com o prefeito da Capital, Cesar Souza Junior (PSD) dentro de um carro, poucos dias depois de servidores municipais serem flagrados ao voltarem de Porto Alegre com R$ 100 mil e um aditivo contratual que beneficiaria a empresa Kopp, acusada de ser contratada por meio de fraude para prestar serviços de fiscalização de trânsito no município.
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Em setembro, logo que os servidores – entre eles o ex-diretor operacional do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) Julio Pereira Machado, conhecido como Julio Caju – foram liberados pela Polícia Rodoviária Federal e voltaram para Florianópolis, Faria telefonou para o gabinete do prefeito e com ele combinou às pressas um encontro pessoal.
– Eu preciso falar contigo pessoalmente – teria dito o vereador ao telefonar para o gabinete do prefeito. Cesar Junior então combinou de se encontrar com o parlamentar dentro de “10 minutos”.
Faria e Cesar Souza então tiveram uma conversa particular dentro de um carro logo após o telefonema. Em outra ligação interceptada, Julio Caju conversa com um funcionário do gabinete do prefeito. Quando indagado sobre o que poderia ser o encontro urgente entre os dois, Julio responde:
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– Uma bucha, mano. Uma bucha minha.

De acordo com informações da Prefeitura de Florianópolis, Faria procurou Cesar Junior durante a solenidade de abertura da Fenaostra e, dentro do carro do prefeito, o vereador comunicou sobre o ocorrido. O prefeito então teria participado da solenidade e em seguida ido para o seu gabinete, onde reuniu secretários e pediu a exoneração sumária dos envolvidos dos respectivos cargos em comissão, afastamento das funções na Guarda Municipal e a abertura de Processo Administrativo Disciplinar e sindicância interna para apurar os fatos.
Segundo as acusações da PF, Julio e outro servidor municipal, ambos ainda presos, teriam prestado a visita na sede da Kopp para oferecer um aditivo contratual que beneficiaria a empresa com a instalação de mais 30 radares em Florianópolis e aumento de R$ 48 mil nos repasses mensais. Em contrapartida, teriam recebido R$ 100 mil.
Faria esteve hoje no estúdio do Jornal do Almoço e prestou esclarecimentos. Disse que conversou com Cesar Junior para saber quais medidas a prefeitura poderia adotar sobre os servidores detidos na estrada. O parlamentar conta que propôs a exoneração dos servidores, o que realmente aconteceu. Faria negou qualquer envolvimento com atividades criminosas e voltou a afirmar que renunciou à presidência da Câmara de Vereadores para colaborar com as investigações.
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Ainda segundo a reportagem do Jornal do Almoço, a PF não considera que Cesar Junior faça parte do suposto esquema criminoso. O prefeito ainda teria ido prestar esclarecimentos à PF na quarta-feira. Entre as 11h até perto do meio-dia esteve em audiência com o delegado Allan Dias, que preside o inquérito da Operação Ave de Rapina.
O advogado de Julio Caju não foi localizado pela reportagem.