As investigações da Polícia Federal mostram que o ex-diretor do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), Julio Pereira Machado, conhecido como Julio Caju, teria negociado propina em troca da aprovação de um aditivo contratual com a Kopp, operadora dos radares da cidade de Florianópolis. O material foi divulgado ontem no Jornal do Almoço, na RBS TV, e faz parte da investigação que deu origem à Operação Ave de Rapina. A ação foi realizada dia 12 de novembro, prendeu 14 pessoas e cumpriu 38 mandados de busca e apreensão.
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As escutas também apontariam que o vereador Cesar Faria (PSD), que se afastou da presidência da Câmara Municipal após as denúncias, teria indicado Julio Caju ao cargo de diretor operacional do Ipuf. Segundo a PF, Faria atuaria como um dos líderes do grupo e teria orientado o ex-diretor nas tratativas com a Kopp. O contrato com a empresa vence no dia 19 de dezembro e a prefeitura já afirmou que não irá renová-lo para a prestação dos serviços na Capital.
A maior parte dos diálogos mostra o ex-diretor de operações do Ipuf conversando com Décio Stangherkin, apelidado Marinho, executivo da Kopp:
– Como estão as coisas, a nossa empresa está bem? – pergunta o então diretor do Ipuf ao empresário da Kopp em meio às negociações do aditivo contratual.
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Empresa teria pedido para aumentar radares
A mudança levaria à instalação de mais 30 radares na cidade e também a um aumento de R$ 48 mil nos repasses mensais à empresa. Na conversa com Julio Caju teria sido informado que pelos valores do contrato só seria possível pagar mais R$ 13 mil à Kopp. Na gravação, o diretor não titubeia e manda o servidor do Ipuf Tiago da Silva Varella a aumentar o valor mesmo assim.
No dia 16 de setembro, Julio e Jean Carlos Viana Cardoso, então comandante da Guarda Municipal de Florianópolis, voltavam da empresa Kopp, com sede no Rio Grande do Sul, com R$ 100 mil no porta-malas do carro, quando foram parados pela Polícia Rodoviária Federal. Também estaria com eles uma cópia do que seria o aditivo contratual em que a companhia estava interessada.
Julio então teria enviado mensagens de texto para o representante da Kopp, pelo celular, para perguntar como podia justificar a posse do dinheiro. “Diz que é doação de campanha”, responde o executivo da empresa de radares.
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Contrapontos
A reportagem do DC ligou para o vereador Cesar Faria, mas os telefonemas não foram atendidos.
Os advogados de defesa de Julio Caju e Tiago da Silva Varella não foram localizados pelo DC.
O advogado de Jean Carlos Viana Cardoso, Hélio Rubens Brasil disse que nas gravações que recebeu seu cliente não aparece.
A Kopp Tecnologia informou que não teve acesso formal à investigação e que só irá falar “em momento oportuno”.