Escapamentos de água, falhas na calefação, baratas e ratos, pintura descascada: a cidade de Nova York deverá investir mais de 1 bilhão de dólares para renovar suas moradias populares, após ter sido acusada de dissimular durante anos graves violações sanitárias.
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Nova York é mais conhecida por seus luxuosos apartamentos milionários, mas é também uma das poucas metrópoles americanas que depois da Segunda Guerra Mundial conservou uma importante quantidade de moradias populares administradas por uma entidade pública, a Autoridade de Moradia da cidade de Nova York (NYCHA), financiada em parte por fundos federais.
A NYCHA administra ainda 180.000 moradias, ocupadas por aproximadamente 400.000 pessoas, essencialmente idosos e famílias de renda mais baixa.
Há anos, o estado dessas moradias é regularmente denunciado pelos candidatos às eleições locais.
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No final de março, a ex-atriz da famosa série televisiva Sex and the City, Cynthia Nixon, nova-iorquina e candidata de esquerda ao posto de governadora do estado de Nova York, visitou uma dessas moradias no Brooklyn, e saiu horrorizada.
“É realmente espantoso”, declarou. “Não é uma crise de moradia, é uma crise sanitária”.
Nesta segunda-feira, a procuradoria de Manhattan publicou o resultado de uma longa investigação que colocou em evidência 10 anos de má administração, incluindo atos de dissimulação deliberada de violações sanitárias aos inspetores da agência federal de moradia.
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A investigação mostrou que pelo menos 19 crianças foram envenenadas por chumbo em moradias da NYCHA entre 2010 e 2016, e que “milhares de outras (crianças) estiveram expostas a esse risco”, informou a procuradoria em comunicado.
Para evitar um longo processo, se chegou a um acordo amistoso com a cidade, que aceitou investir aproximadamente 1,2 bilhão de dólares em cinco anos para fazer os reparos necessários, sob a supervisão de um especialista federal, acrescentou o procurador Geoffrey Berman.
Berman saudou o acordo “inédito”, que, na sua opinião, representará “um verdadeiro alívio para os habitantes da NYCHA”.
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O prefeito democrata Bill de Blasio, no cargo desde o começo de 2014 e que durante bastante tempo atribuiu a responsabilidade dos problemas habitacionais à equipe municipal anterior liderada pelo empresário Michael Bloomberg, também saudou o acordo.
Após “décadas de má gestão, estou convencido de que este acordo será um mudança para a moradia pública”; a cidade agora “cumprirá suas obrigações com 400.000 residentes” da NYCHA, declarou em um comunicado.
* AFP