Além de contar uma boa história e usar com eficiência as ferramentas narrativas e dramatúrgicas que o gênero em questão exige, até mesmo um blockbuster precisa mostrar um algo além relevante que o faça ser lembrado após a sessão: o contexto histórico e político da época em que é lançado, um ator que ali desponta para o estrelato, uma inovação que apresenta e se torna referencial, uma cena marcante que se fixa no imaginário coletivo, uma expressão que se agrega à cultura pop.

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O Vingador do Futuro original, de 1990, reúne alguns desses elementos. E mesmo que o filme de Paul Verhoeven tenha envelhecido um tanto mal no quesito efeitos especiais (e apenas nesse), o reencontro com esse universo é o que melhor tem a oferecer a nova versão da ficção científica adaptada do conto Lembramos para Você a Preço de Atacado, escrito em 1966 por Philip K. Dick.

Esse novo O Vingador do Futuro, que entra em cartaz hoje no Estado, tem um pouco disso tudo, destacando-se um elemento com uso cada vez mais frequente diante da alarmante falta de ideias originais: repaginar um grande sucesso de bilheteria contando que o raio caia duas vezes no mesmo lugar.

Como passatempo, a nova versão cumpre a função para quem aprecia o gênero. Daqui a 22 anos, porém, quando se falar em O Vingador do Futuro, a imagem referencial continuará sendo a consagrada pela combinação do talento visionário de Verhoeven com a divertida canastrice coberta de músculos de Schwarzenegger e a exuberância de Sharon Stone.

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