A nova variante da Covid detectada na África e identificada como B.1.1.529, deixa o mundo novamente em alerta. Nesta sexta-feira (26), a mutação foi classificada como “preocupante” pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e terá o nome de “omicron”.
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A OMS acredita que várias semanas serão necessárias para entender o nível de transmissão e a capacidade que a nova mutação do coronavírus têm para se propagar no organismo.
Onde há casos confirmados da nova variante
Até o momento, foram confirmados 77 casos da variante B.1.1.529 na Província de Gauteng, na África do Sul; quatro casos em Botsuana; e um em Hong Kong, diretamente relacionado a uma viagem à África do Sul.
Nesta sexta-feira, a Bélgica também anunciou a confirmação de um caso da nova variante; o primeiro registrado na Europa.
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— Temos um caso confirmado da variante. Trata-se de alguém que veio do exterior e testou positivo em 22 de novembro e não estava vacinado — disse o ministro da Saúde, Frank Vandenbroucke.
A pessoa, que não havia sido infectada pelo vírus até agora, voltou do Egito no dia 11 de novembro, de acordo com o virologista belga Mark Van Ranst.
Já no Oriente Médio, o Ministério da Saúde de Israel informou que um caso da B.1.1.529 também foi identificado no país.
— Trata-se de uma pessoa que veio de Malauí — informaram as autoridades israelenses.
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Outras duas pessoas que chegaram do exterior também estão confinadas no país e o Ministério da Saúde de Israel informou, por meio de um comunicado, que os três estavam vacinados contra o coronavírus.
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O que dizem os cientistas
Na última terça-feira (23), cientistas começaram a chamar a atenção para a variante que tem um grande número de mutações na proteína S (de spike, ou espícula), usada pelo Sars-Cov-2 para entrar nas células humanas.
Um dos primeiros virologistas a alertar para a B.1.1.529, Tom Peacock, do Imperial College de Londres, ressaltou que as mutações feitas na proteína S eram as “mais horríveis” já vistas, e que era a primeira vez que ele via não uma, mas duas mutações “no local de clivagem da furina”.
O diretor do Centro para Resposta a Epidemias e Inovação da África do Sul (Ceri), Túlio de Oliveira, afirmou na última quinta-feira (25) que a variante surpreendeu os virologistas, porque “deu um grande salto na evolução e tem muito mais mutações do que se esperava.
A variante apresenta 50 mutações no total e mais de 30 na proteína S, as mais preocupantes, pois é a partir dela que são produzidas as vacinas. Se sua estrutura é muito alterada em relação à usada para a produção de vacinas contra Covid-19, existe a preocupação sobre a eficácia dos imunizantes.
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Vacinas e a nova variante
Ainda não há pesquisas suficientes sobre como a B.1.1.529 atua e nem como ela reage às vacinas e anticorpos de quem desenvolveu imunidade natural ao vírus.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmou que está monitorando de perto a nova variante, mas que é “prematuro” dizer se seriam necessárias vacinas atualizadas para combatê-la.
— A EMA considera prematuro no momento prever a necessidade de uma vacina adaptada com uma composição diferente para lidar com essa variante emergente —, disse a agência em nota à AFP.
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A variante é mais contagiosa?
Ainda não é possível saber o nível de contágio da B.1.1.529. O diretor do Centro para Resposta a Epidemias e Inovação da África do Sul (Ceri), Túlio de Oliveira, afirmou que a B.1.1.529 “tem potencial para se espalhar muito rapidamente”, e que os cientistas estão trabalhando “24 horas por dia” para entender os efeitos da nova variante em cinco pontos: transmissibilidade; efeito das vacinas; possibilidade de reinfecção; severidade da doença e diagnóstico.
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Quais países restringiram viagens?
Uma das principais preocupações que envolvem a propagação de doenças infectocontagiosas, como a Covid-19, está ligada às viagens para o exterior. Reino Unido, Itália, Alemanha, França, República Tcheca e Israel são exemplos de países que decidiram proibir a entrada de pessoas vindas de países do Sul da África.
No Brasil, a Anvisa emitiu uma nota técnica com recomendações ao governo para restringir temporariamente voos e viajantes vindos da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue. O Governo Federal ainda não anunciou se as orientações serão acatadas.
Variantes do SARS-CoV-2
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) faz um trabalho de monitoramento constante às linhagens do coronavírus presentes no país. Por serem muito simples, os vírus como o SARS-CoV-2 mudam mais rápido do que outros microorganismos, sendo classificados em linhagens por pequenas diferenças no material genético.
Veja as variantes em circulação no Brasil
- Variante Alpha, identificada na Inglaterra
- Variante Beta, identificada na África do Sul
- Variante Gama, identificada em Manaus
- Variante Delta, identificada na Índia
- Variante Mu, identificada na Colômbia
- Variante Lambda, identificada no Peru
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*Com informações da Folhapress e AFP
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