Uma pesquisa feita por cientistas de Harvard, nos Estados Unidos, e Pequim, na China, afirma que o mapeamento genético de óvulos pode duplicar as chances de sucesso em fertilizações in vitro. Os resultados foram publicados, recentemente, na revista científica Cell.

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De acordo com o especialista em reprodução assistida Nilo Frantz, o novo método desenvolvido pelos cientistas analisa células conhecidas como “corpúsculos polares”, que são formadas durante o processo de maturação do oócito (óvulo). A partir deles, os cientistas agora podem fazer um mapeamento genético completo do óvulo para a pesquisa de doenças genéticas.

A nova técnica avaliará somente a contribuição genética feminina ao embrião, sendo útil quando as doenças monogênicas (Fibrose Cística, Distrofia Muscular de Duchenne, Hemofilia A e doença de Huntington) são de origem materna. Portanto, o procedimento não avalia o embrião como um todo e não considera os erros genéticos provenientes do pai e os que podem ocorrer durante as divisões celulares do embrião. A sua aplicação em embriões foi testada e demonstrou resultados com maior resolução e menores interferências.

O estudo, ainda em fase experimental, revela que a técnica pode favorecer mulheres com histórico de aborto. Segundo o especialista em reprodução assistida, Nilo Frantz, mapeamentos deste tipo podem ser animadores na teoria, mas na prática ainda é preciso observar resultados mais conclusivos em estudos aplicados. Problemas de fertilidade afetam cerca de 15% dos casais em todo o mundo, levando muitos a buscar soluções como a fertilização in vitro.

Resultados promissores

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É a primeira vez que é realizada a análise do genoma completo de oócitos humanos (o genoma de espermatozoides foi publicado em 2012). O novo método descrito no artigo, associado ao sequenciamento de próxima geração poderá permitir a detecção simultânea de alterações cromossômicas e monogênicas com um único teste.

Entre as vantagens da técnica tem-se: maior cobertura do genoma, maior resolução nos resultados, amplificação proporcional do material genético utilizado e sua utilização em corpúsculos polares permite que os laboratórios tenham alguns dias a mais para realizar análises. Em termos de pesquisa básica a publicação é inovadora e traz valiosas informações que levarão a novos trabalhos.