A nova presidente da Companhia Integrada para o Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), Luciane Surdi, toma posse às 10h desta terça-feira, em Florianópolis, com muitos desafios pela frente. Entre eles concursos pendentes, barreiras desativadas e a intenção do Paraná em retirar a vacinação contra a aftosa até o final do ano.

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Luciane tem 56 anos, é formada em Medicina Veterinária pela Udesc de Lages, atua na Cidasc de Chapecó desde 1986 onde foi responsável pela sanidade avícola regional, laboratório de diagnóstico animal e coordenação da área animal. Também foi presidente do Núcleo Oeste dos Médicos Veterinários e vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina.

– Pretendemos dar maior importância à defesa sanitária animal e vegetal, saúde pública e também ao desenvolvimento da agricultura de Santa Catarina. Precisamos inicialmente organizar a casa, fazer gestão das pessoas, nos aproximarmos muito mais diretoria do campo e dar esse apoio a todos os profissionais, médicos veterinários, agrônomos e técnicos que estão na ponta exercendo atividades na Cidasc. Portanto precisamos nos aproximar. Um dos propósitos por solicitação do secretário estarmos é estarmos mais próximos das outras empresas ligadas à secretaria da agricultura – disse a nova presidente.

A nomeação foi bem recebida pelas lideranças do setor, pois se trata de alguém com experiência e conhecimento na área.

– Nós estamos aplaudindo a indicação. Temos que ter uma atenção maior com as nossas fronteiras em relação à sanidade dos nossos rebanhos e ela tem condições administrativas e técnicas de conduzir o trabalho – disse o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo.

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Ele destacou que há a necessidade de reforço de pessoal e equipamentos para a Cidasc fazer seu papel, além da continuidade do apoio de entidades como o Instituto Catarinense de Sanidade Animal (Icasa).

Algumas das mais de 60 barreiras de controle sanitário que existem nas divisas com Paraná e Rio Grande do Sul, além da fronteira com a Argentina, chegaram a ser desativadas devido à falta de pessoal, Uma delas é em Alto Bela Vista, na ponte férrea que faz divisa com a cidade gaúcha de Marcelino Ramos. O posto está desativado há cerca de dois anos.

O coordenador regional da Cidasc em Concórdia, Eduardo Michelon, disse que aguarda a reposição de funcionários para reativar a barreira.

– Dos cinco funcionários que tínhamos lá três pediram exoneração e como não dava para fazer escala nós deslocamos os dois para o posto da BR-153, que é uma das cinco passagens de corredor sanitário em que passam cargas lacradas do Rio Grande do Sul para outros estados- disse.

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Ele afirmou que inicialmente era feito monitoramento do posto por câmera de vídeo, mas o equipamento foi roubado.

Em Campo Erê também foi desativada uma das três barreiras, em Itatiba. De acordo com o gestor regional de São Lourenço do Oeste, Aldevandro Ives Ribas, a decisão de desativar o posto foi motivada por várias questões, tanto de pessoal quanto estratégicas. Mas a intenção de reativar a barreira se houver novas contratações.

– Houve uma diminuição da pressão com ausência de focos próximos. Tivemos redução de vagas com aposentadorias. Temos uma área de 130 quilômetros de estradas com várias entradas. Então é melhor ter um funcionário com barreiras volantes com apoio da polícia militar do que numa barreira fixa – argumentou.

Enquanto há falta de pessoal no campo, há 44 auxiliares e 25 médicos veterinários aprovados em concursos realizados em 2017, esperando serem chamados. Entre eles estão microempresários que venderam suas máquinas e outras que cancelaram benefícios na expectativa de serem contratados.

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De acordo com o secretário de Agricultura do Estado, Ricardo de Gouvêa, as contratações foram suspensas no ano passado por falta de recursos, inclusive com uma resolução do Comitê de Política Financeira.

Ele afirmou que espera melhorar a situação financeira do estado para poder contratar os médicos veterinários e que, para os barreiristas, não há previsão.

– Não temos previsão de chamar pela limitação de gastos. Estamos conversando com o comando da Polícia Militar para fazer um convênio e assim ter o apoio policial. Também queremos usar bastante a tecnologia. Afinal, ter uma pessoa à noite sozinha, numa barreira, qual a eficiência disso? – questionou o secretário.

No entanto o próprio secretário já manifestou preocupação com a previsão de retirada da vacinação da aftosa no Paraná, pois ela funciona como uma “proteção” para evitar que o vírus de alastre. Sem a vacina haverá a necessidade de um controle maior, principalmente se surgir um foco. Aliás, graças ao certificado internacional de Zona Livre de Aftosa Sem Vacinação, conquistado em 2007, em assembleia da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Santa Catarina responde por mais de 50% das exportações de suínos e quase 30% das exportações de aves para o país. É o único estado a vender suínos para Japão, Estados Unidos e Coréia do Sul. Manter essa vanguarda é fundamental para a economia catarinense.

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CIDASC

Orçamento: R$ 225 milhões por ano

Médicos Veterinários: 213

Auxiliares agropecuários: 384

Barreiras sanitárias: 67