A Lei da Sacolinha, que começa a valer a partir do dia 14 em Joinville e, na prática, prevê o fim das embalagens plásticas nas compras em lojas e supermercados, divide opiniões entre especialistas e ambientalistas. Para o representante da Associação de Preservação e Equilíbrio do Meio Ambiente (Aprema), Sérgio Dall?Áqua, “demonizar” a sacolinha não resolve.
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MURAL: o que você acha dessa lei?
– A sacolinha é um símbolo, mas não é o grande problema -, argumenta.
Ele lembra que Joinville hoje recicla apenas 10% do lixo, quando em países desenvolvidos este índice pode chegar a 70%.
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– O poder público tem que conscientizar a população e oferecer alternativas. Simplesmente proibir não é o caminho -, diz.
Uma possibilidade segundo ele, seria o uso de sacolas biodegradáveis. Mas esta alternativa também é alvo de questionamentos. Pesquisadoras da Univille, por exemplo, realizaram um estudo e comprovaram que alguns tipos de sacolas oxibiodegradáveis disponíveis no mercado não são totalmente biodegradáveis.
Os fabricantes garantem que o material se decompõe em 18 meses, mas a pesquisa da universidade comprovou que, mesmo após três anos enterrada no solo, a sacola não se deteriora.
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– A sacola oxibiodegradável recebe um aditivo e, quando exposta à radiação solar, se fragmenta, mas estes pequenos pedaços não são biodegradáveis -, afirma a engenheira ambiental Luciana Prazeres Mazur.
O problema, segundo ela, é que, normalmente, as sacolas não ficam expostas à radiação solar antes de irem para o aterro, e neste caso, elas sequer se fragmentam e demoram tanto tempo quanto uma sacola comum para se decompor, sendo que este prazo é de aproximadamente 200 anos.
– A questão é que esses fragmentos podem ir para os rios e mares, onde são confundidos com alimento por animais marinhos -, diz a professora Ana Paula Pezzin.
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As pesquisadoras esclarecem que não são contrárias à lei aprovada pela Câmara de Vereadores, mas questionam a validade da medida. Isso porque a maioria dos consumidores reutiliza as sacolinhas plásticas convencionais para embalar o lixo, e com a lei, acabarão comprando sacos de lixo que têm exatamente a mesma composição química e causam o mesmo impacto ambiental.
Para elas, a única vantagem da lei será a redução do desperdício.
– Hoje, as pessoas usam muitas sacolas, com a lei, o desperdício deve diminuir -, acredita Luciana.
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