As novas flexibilizações envolvendo o embargo americano sobre Cuba, anunciadas nesta sexta-feira pelo presidente Barack Obama, provocaram expectativas na Ilha, diante dos mecanismos para sua aplicação.

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“Me parece muito bom, todos aqui esperam após 57 anos de bloqueio a nova abertura das relações”, disse à AFP o aposentado Gonzalo Pérez.

Obama eliminou o teto de remessas familiares, autorizou investimentos conjuntos de americanos em empresas estatais cubanas e viagens de barcos e aviões para a Ilha, entre outras medidas.

“Existe a união entre os dois países que havia se enfraquecido muito por causa do embargo e agora há grandes perspectivas entre todos os cubanos de mais desenvolvimento”, assinalou Angela González, 41 anos.

Obama adotou as primeiras medidas de flexibilização em janeiro passado, após ele e o presidente cubano, Raul Castro, anunciarem em 17 de dezembro a disposição de restabelecer as relações, o que se concretizou no dia 20 de julho.

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Mas até o momento tais medidas não puderam ser percebidas em Cuba, como destacaram as autoridades da Ilha, diante da persistência de barreiras para sua aplicação.

Raúl Castro conversou nesta sexta por telefone com Obama e pediu a ele para “aprofundar” as novas flexibilizações ao embargo contra a ilha.

“Com relação às regulações anunciadas em 18 de setembro pelos Departamentos do Tesouro e do Comércio, que complementam as postas em vigor em 16 de janeiro, o presidente Raúl Castro reforçou a necessidade de aprofundar seu alcance e de eliminar definitivamente a política de bloqueio em benefício dos dois povos”, destacou a chancelaria em Havana.

Desde fevereiro, está previsto que uma comissão de especialistas dos departamentos do Tesouro, Comércio e Estado viaje à Cuba para explicar o alcance e a implementação das medidas adotadas por Obama.

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Funcionários cubanos assinalaram que ainda há muitos obstáculos vigentes para a aplicação das medidas.

“Muitas das medidas adotadas até o momento se chocam com os bloqueios financeiros ainda vigentes”, disse o acadêmico Jesús Arboleya em um artigo na Internet.

De fato, a chancelaria cubana pediu a Obama esta semana que aplique novas ordens executivas para eliminar obstáculos.

Em um relatório enviado ao secretário-geral das Nações Unidas, Cuba pede a liberação do uso do dólar nas transações internacionais cubanas, a abertura do sistema bancário americano a estes negócios e o acesso dos bancos cubanos aos Estados Unidos.

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O documento solicita ainda a concessão de créditos e de financiamento para que as empresas estatais cubanas possam comprar nos Estados Unidos.

* AFP