A 55ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada nesta quarta-feira (26), cumpre dois mandados de busca e apreensão em Santa Catarina, nas cidades de Joinville e Palhoça. A investigação apura supostos casos de corrupção na concessão de rodovias federais, no Paraná.

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Ao todo, foram expedidos 73 mandados de busca e apreensão, 3 de prisão preventiva e outros 16 de prisão temporária. Além de Santa Catarina, a operação tem alvos no Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.

Entre as empresas investigadas estão as concessionárias Econorte, Ecovia, Ecocataratas, Rodonorte, Viapar e Caminhos do Paraná.

A operação, batizada de Integração II, é uma continuidade das investigações iniciadas em fevereiro deste ano. Segundo a Polícia Federal (PF), foram reunidas informações sobre grupos que atuavam para explorar e conseguir benefícios indevidos em contratos de concessão de rodovias no Paraná.

A PF diz que havia basicamente quatro grupos de atuação criminosa: político, técnico, empresarial e de operadores financeiros. No grupo político, foram identificadas altas autoridades do governo paranaense, que atuavam para beneficiar as concessionárias das rodovias que cortam o Paraná.

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Já o grupo técnico era composto por funcionários públicos, que produziam aditivos contratuais fraudulentos, que causavam desequilíbrio financeiro em favor das empresas. Além disso, eles recebiam propina quando faziam a fiscalização das obras das rodovias.

No núcleo empresarial foram identificados funcionários, diretores e presidentes das concessionárias. Eles eram responsáveis por organizar e ratear o pagamento das propinas, além de propor os aditivos contratuais fraudulentos. Eles também são investigados por prestarem serviços fictícios para o governo paranaense, com o objetivo de ocultar o pagamento de propina.

Os investigados devem responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, fraude a licitação, lavagem de dinheiro, associação criminosa, entre outros. Todos os presos serão encaminhados para a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.

Outro lado

Em nota, a Viapar diz que sempre cumpriu todas as regras dos contratos de pedágio de forma ética e transparente. “A empresa sempre esteve à disposição das autoridades públicas para auxiliar nos esclarecimentos necessários para a elucidação dos fatos”, diz trecho da nota.

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A EcoRodovias, que controla a Ecocataratas e a Ecovia informou que está colaborando com as autoridades.

A reportagem entrou em contato com as demais empresas citadas na investigação, mas ainda não obteve resposta até a última atualização deste texto.

Rodovias federais x governo estadual

Parte das rodovias federais que cortam o Paraná são gerenciadas pelo governo estadual. Essas estradas fazem parte do chamado Anel de Integração, cujo objetivo era criar uma rede viária que pudesse melhorar o acesso entre as principais cidades paranaenses. Nela, também há estradas estaduais.

Entre as rodovias que fazem parte do Anel de Integração estão a BR-277, que corta o estado do litoral até a fronteira com o Paraguai, em Foz do Iguaçu, e a BR-376, que sai do norte paranaense e vai até a divisa com Santa Catarina, em Garuva.

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Diferente do pedágio da BR-116, em Santa Catarina, em que apenas uma empresa controla todo o trecho, nas rodovias paranaenses várias concessionárias administram pedaços de cada uma dessas estradas.