O universo das drogas sintéticas surpreende cada vez mais peritos e policiais em SC. A mais recente descoberta é a presença no Estado da droga estrangeira chamada de 2CB. O registro do alucinógeno, que seria inédito também no Brasil, foi possível com a compra, pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), de um equipamento que permite a identificação precisa das substâncias.

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O 2CB é um droga alucinógena sintética produzida em laboratórios na Europa e Estados Unidos e vendida ilegalmente nestes lugares como se fosse ecstasy. Com a Polícia Federal (PF) em Brasília, o IGP catarinense apurou que até então não havia sido apreendida por aqui.

Após análises aprofundadas, os peritos de Florianópolis descobriram que nove supostos comprimidos de ecstasy apreendidos em Indaial, no Vale do Itajaí, no dia 18 de março deste ano, eram, na verdade, pílulas do 2CB. Os comprimidos estavam sendo comercializados numa casa noturna por um jovem paranaense de 18 anos, de Blumenau, que foi preso.

– O ecstasy clássico tem a substância MDMA. Mas há também uma série de comprimidos, vendidos como ecstasy, e que tem outras substâncias, caso do 2CB. Fizemos uma pesquisa e descobrimos que não tinha sido apreendida ainda no Brasil, o que nos foi confirmado pela Polícia Federal – ilustra o perito criminal bioquímico Jair Silveira Filho, do IGP de SC.

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Jair comentou que a droga é muito parecida com outra substância sintética, a chamada “cápsula do vento”. Coincidentemente, as primeiras apreensões da cápsula também foram em Santa Catarina, no Litoral Norte.

Segundo o perito Jair, o 2CB não é substância ilegal no Brasil, mas é de uso controlado e só pode ser comercializado a partir de prescrição médica. Ela pode causar sérios danos à saúde, como alucinações, taquicardia, hipertensão e ansiedade.

O aparelho que permitiu a identificação chama-se Cromatografia Gasosa (CGMS). Custou R$ 820 mil e foi comprado por meio de um convênio entre o IGP e a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). Em 10 dias usando o equipamento, os peritos descobriram também dois tipos de piperazina, droga sintética que não havia sido encontrada aqui.

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Para o delegado federal Ildo Rosa, o alto consumo deve-se a uma “cultura” criada do consumo em baladas eletrônicas e raves por jovens.

– Vão surgir muitas ainda com esses princípios ativos alucinógenos e estimulantes. Por isso é importante o exame aguçado sobre a substância, o que legitima até o auto de prisão por tráfico de drogas pela polícia – ressalta o delegado, que até então nunca tinha ouvido falar do 2CB.