Fazia tempo que Florianópolis não via tantos carecas nas primeiras filas de um show. Não, não se tratava de alguma gangue de skinheads. Mas de cidadãos de bem em estágios variados de calvície que invadiram o Centrosul nesta quinta-feira (16) para assistir a Roger Hodgson apresentar músicas gravadas há quase 50 anos por sua antiga banda, Supertramp. Todos ficaram satisfeitos: além de entregar exatamente o que se esperava dele, o cantor conquistou o público com uma simpatia única.
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“Pelas próximas duas horas vocês serão meus. Deixem seus problemas lá fora”, saudou Hodgson logo após a abertura, entre elogios à cidade, com Take the Long Way Home – um dos carros-chefe do disco que batiza a turnê, Breakfast in America, lançado em 1979. Era o prenúncio de uma noite regada a nostalgia, sentida até por aqueles que ainda não haviam nascido quando o grupo inglês bombava nas paradas. Para o contingente na casa dos “enta” (o repórter incluso), então, nem se fala.
Acompanhado por um quarteto que reproduzia com fidelidade a dinâmica do Supertramp, Hodgson mexeu com a memória afetiva da plateia. A cada sucesso – pela ordem em que foram executados, School, Breakfast in America, The Logical Song, Dreamer –, coroas e suas ladies se portavam como se tivessem voltado à tenra idade. A felicidade que emanava na pista deixou o artista tão à vontade no palco que ele chegou a tocar a inusitada Babagi, que não constava do setlist, a pedido de um fã.
O desfecho, com as rajadas de The Fool’s Overture, só não foi mais apoteótico do que o bis com Had a Dream, Give a Little Bit e It’s Raining Again. Querido demais, Hodgson despediu-se prometendo retornar o quanto antes para um terceiro encontro com os catarinenses (o primeiro ocorreu em 2014, no Petry, em Biguaçu). Em uma época de ídolos efêmeros, construídos com curtidas e visualizações, não houve quem duvidasse que aquele senhor de 66 anos estava sendo sincero.
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