O delegado Osnei de Oliveira, responsável pela investigação da morte de João Grah, conversou com a reportagem do Diário Catarinense e apontou pontos que dificultam a celeridade do trabalho no caso do torcedor avaiano, morto por uma pedrada na BR-101. O inquérito se arrasta há cinco meses na delegacia de Camboriú. Falta de policiais, grande número de casos e as condições do local da morte são os motivos colocados pelo delegado para a demora na conclusão do inquérito. Leia abaixo a entrevista completa.

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Diário Catarinense – O caso continua na fase do inquérito?

Osnei – Sim, as investigações ainda estão em curso.

Diário Catarinense – Já faz cinco meses que ocorreu o caso e para as pessoas parece que nada está sendo feito. Então a investigação continua em andamento?

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Osnei – Se eu divulgar atrapalha a investigação. Estamos trabalhando e nosso trabalho é silencioso. Se ficar divulgando todos os atos da investigação, a possibilidade de ter sucesso é remota.

Diário Catarinense – O senhor tem previsão para terminar o inquérito?

Osnei – Não dá para estabelecer prazo porque um caso não é igual ao outro. Quando for finalizado certamente a família e a imprensa terão ciência.

Diário Catarinense – O senhor tem contato com a família?

Osnei – De vez quando. Na semana passada conversei com o pai dele (Célio Grah).

Diário Catarinense – Alguém foi preso?

Osnei – Não, porque o inquérito ainda não foi finalizado.

Diário Catarinense – Por que esse caso é mais complicado?

Osnei – São vários fatores que tornam a investigação mais complexa. O fato de ter sido praticado num local ermo, são pessoas que não tinham vínculo com a vítima, são ao menos 10 envolvidos.

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Diário Catarinense – Mesmo com as imagens?

Osnei – Se tu conhecesse aquelas pessoas, terias condições de dizer qual estava lá? Não, porque a imagem é muito ruim e não permite definir quem é quem. Mesmo as pessoas que conheçam aqueles autores não teriam condições de dizer: “Esse é o fulano e esse é o beltrano”. É impossibilitado em função da qualidade da imagem. Ela possibilitou saber quantos autores eram, verificar a dinâmica do crime, demonstrar que foi premeditado porque ultrapassaram o ônibus e ficaram esperando um momento oportuno para o ataque. Nesse sentido auxiliou, mas não é decisivo para definir a autoria.

Diário Catarinense – O que mais está complicando nessa investigação?

Osnei – São vários atos numa investigação e também não tenho só esse inquérito. Tenho inúmeros casos que estão sendo investigados ao mesmo tempo. Não posso parar os demais em detrimento desse. Os familiares de outras vítimas também iriam me cobrar. Então a gente vai trabalhando de forma gradual para atender a todos.

Diário Catarinense – Então podemos dizer que o inquérito está na fase final?

Osnei – Ele está tramitando ainda. Como eu te falei, não posso dizer que semana que vem está finalizado. Não posso trabalhar também para atender interesses. Ah, porque a imprensa quer informação eu tenho que dar. Não. Eu tenho compromisso com a verdade. Tenho que responsabilizar quem de fato cometeu o crime, e é um trabalho minucioso, que exige muita dedicação e pessoal, tenho dois policiais só para trabalhar na equipe de homicídios. Não é o único caso que temos, não posso direcionar a investigação só para um caso.

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Diário Catarinense – O fato de ter menores de 18 anos envolvidos, uma das suspeitas, complicou o caso?

Osnei – Não. Porque no término do inquérito será desmembrado e os menores serão responsabilizados nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Diário Catarinense – Está confirmado o envolvimento de torcida organizada?

Osnei – Sim.

Diário Catarinense – Há envolvidos acima dos 18?

Osnei – Sim.