Força. Essa é a palavra que Danilo Barretto e Daisy Américo utilizam, em meio a tantas outras, para descrever o que aparece no trabalho dos dois artistas. Mesmo em expressões diferentes, exposições com a produção individual de cada um se encontram em Florianópolis em novembro, mês marcado pelo Dia da Consciência Negra, que será, pela primeira vez, feriado nacional.
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Barretto é fotógrafo e natural de Salvador, na Bahia. Ele está com a exposição “Consciência Negra em Cores” aberta para a visitação gratuita até o dia 1º de dezembro, no hall de entrada do Multi Open Shopping, no Rio Tavares.
Daisy é artista, e está com a mostra “Consciência Negra”, com mais de 20 telas, no Centro Cultural do Continente, na Grande Florianópolis. Ela também apresenta duas obras no Direto do Campo, do Mercadão de Coqueiros. As duas visitações são gratuitas e vão até o dia 30 de novembro.
Veja algumas das fotos
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“Consciência Negra em Cores”
A exposição de Barretto traz 12 fotografias que foram feitas em Salvador, onde ele nasceu. A mostra, que começou a ser planejada em novembro do ano passado, celebra as manifestações culturais e religiosas afro-brasileiras.
— Eu vejo essas manifestações culturais como pura força. Cada festa e cada ritual é um jeito de mostrar que nossa história está viva e tem raízes fortes. É como se toda essa energia de resistência estivesse lá em cada detalhe. Fotografar isso em Salvador é muito incrível, é muito massa, porque a cultura negra está em tudo. Está no dia a dia e nas pessoas — diz Danilo.
Essa é a primeira exposição individual que ele faz em Florianópolis. Em Santa Catarina, além da Ilha, Danilo já havia participado de mostras coletivas em Balneário Camboriú, com outras temáticas.
— Essa exposição, em especial, está sendo uma experiência muito única. A recepção tem sido maravilhosa, as pessoas estão curiosas e interessadas, e passam um olhar muito atento sobre cada detalhe. É muito gratificante perceber como a história e a cultura da Bahia consegue tocar quem está aqui na Ilha — conta Danilo.
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As fotos que estão na exposição Consciência Negra em Cores, para o fotógrafo, são uma oportunidade de mostrar ao mundo a força e a beleza das tradições da Bahia. As fotos foram tiradas em meio a festas religiosas, momentos de devoção e de resistência. Elas incluem cenas como a Lavagem ao Senhor do Bonfim, a Festa de Iemanjá e o Dia Nacional da Baiana do Acarajé.
— Eu acho que mostrar essa ancestralidade através da fotografia é uma forma de honrar quem a gente é de verdade. Na exposição, eu queria que as pessoas tivessem uma visão diferente: da beleza e da complexidade. E realmente eu acho que isso quebra estereótipo. Quando as pessoas conhecem mais de perto, acabam respeitando e admirando mais. No fim, eu quero que quem veja essas fotos saia com uma visão mais aberta, entendendo todo esse peso e essa riqueza que é a cultura negra — afirma ele.
“Consciência Negra”
A exposição “Consciência Negra”, com mais de 20 telas autorais desde a criação do desenho até a pintura, retrata a ancestralidade, a luta para desconstrução do racismo estrutural, o empoderamento da população preta e, por fim, que a luta antirracista é de todos.
— Eu gosto muito da frase “o amor é a resposta para todas as questões”, e acredito muito nisso. Quanto mais nos amamos, mais empatia e amorosidade temos com os demais. É tudo sobre nós o tempo inteiro. Vamos buscar a cada dia desenvolver mais nossa humanidade, tornando nosso mundo mais leve, feliz e justo para todos. Juntos conseguimos combater o racismo que tanto adoece meu povo. Minha arte busca trazer essas reflexões acima de tudo — pontua a artista, que é natural de Florianópolis.
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Além das duas exposições pela Ilha da Magia, no Centro Cultural do Continente e no Mercadão de Coqueiros, Daisy tem algumas obras em São Paulo, que fazem parte da agenda da Virada da Consciência na Universidade Zumbi dos Palmares.
— Construir essas exposições demandou muito planejamento, dedicação, trabalho, uma boa curadoria, também a ajuda e incentivo de muitos amigos, familiares e profissionais. Uso a expressão “Ubuntu”: eu sou porque nós somos — finaliza ela.
*Sob supervisão de Andréa da Luz
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