De touquinha amarela, maiô cor-de-rosa e rostinho sério, Valentina Zotz transformou-se em um peixinho colorido nas mãos de um medalhista olímpico. Para a pequena de nove meses, o grandão de óculos de natação era só mais um colinho, entre os tantos que recebe no dia. Já para Gustavo Borges, que esteve em Porto Alegre ontem, Valentina é tão valiosa quanto uma medalha. Começou na natação há duas semanas. E já deu as primeiras braçadas com a metodologia do campeão.

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Aposentado das piscinas há cinco anos, Borges é agora um homem de negócios. Dono de quatro medalha olímpicas – duas de bronze e duas de prata -, veio à Associação Leopoldina Juvenil para lançar sua metodologia de ensino de natação, adotada pelo clube no final de 2008. Ao pisar no clube – 25 minutos após o previsto por causa de um atraso no vôo _ não hesitou. Apressou-se em vestir a camiseta de seu produto antes de falar as cerca de 60 pessoas presentes no evento.

Durante 45 minutos, contou histórias da época de nadador e deu dicas ao público misto – de atletas e curiosos. Com pinta de showman, usou e abusou da autoridade de campeão com um discurso descontraído. Ganhou a plateia.

Em seguida, rumou para a piscina coberta do clube. Todos queriam experimentar um pouquinho da aula demonstrativa. a atividade aconteceu em etapas. Cada grupo, separado por faixa etária, teve um tempinho para aprimorar as lições aprendidas com o empresário. Se os girinhos, como Valetina, só entendiam da festa, jovens e adultos não conseguiam desgrudar o olho de Borges.

Desde dezembro do ano passado, cerca de 300 nadadores do clube porto-alegrense dão as primeiras braçadas com as técnicas desenvolvidas por ele. O método, garante, não é para treinar competidores, mas ensinar qualquer pessoa a nadar de forma adequada.

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– Competição é consequência. Depende de um treinador e toda uma estrutura do clube – explicou.

Na prática, porém, a realidade pode ser outra. Com mais de 130 parceiros espalhados pelo país, as possibilidades dos futuros olímpicos brasileiros serem fruto da metodologia de Borges se multiplicam. Vaidoso, não nega a vontade de ver seu trabalho expandido:

– Estamos inseridos neste contexto, então é possível que não só em 2016, como em 2020, e ainda mais para frente, possamos ajudar de alguma maneira com o desenvolvimento da natação no país.

Se o futuro promete, por enquanto, Valetina ainda não tem pretensões olímpicas. O que a deixa faceira mesmo é ver os babados do maiô cor-de-rosa flutuando sobre a água.

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O método

– Aceita participantes a partir de seis meses de idade

– É dividido por módulos de aprendizagem, por faixa etária, e pelo desenvolvimento dos alunos

– Todos os alunos são acompanhados e avaliados mensalmente, quando são feitos relatórios de seu desempenho

– O foco dos treinos muda de acordo com as habilidades aquáticas do aprendiz – seus pontos fortes na água direcionam as atividades

– Caso o atleta tenha potencial, a longo prazo, pode escolher se quer ir para o alto rendimento, ou seja, treinar para competir