Os passos, embora mais lentos, continuam firmes. A memória de 83 anos esquece uma ou outra data, mas lembra com riqueza de detalhes dos episódios vividos no clube que ele aprendeu a amar. Sentado na frente de casa, embaixo da arquibancada do Estádio Hercílio Luz, onde mora há três décadas, Manoel Theotônio Santana, o Maneca, fala com carinho dos 52 anos como colaborador do Marinheiro e expressa o sentimento que é o mesmo de cada torcedor. O Marcílio tem que voltar a ser grande. Nas palavras de uma das mais emblemáticas figuras ligadas ao Rubro-anil, o desejo de toda a nação marcilista nesta segunda-feira, dia em que o clube comemora 95 anos de história: “quero ver o Marcílio campeão”.

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Os 95 anos de história do Marcílio Dias

Agora um símbolo, antes um rival. O começo da história de Seu Maneca com o Cílio não foi exatamente amor à primeira vista. Pelo contrário. Até 1962 ele trabalhava como massagista no antigo time da Estiva, em Itajaí, e só foi para o Marinheiro após muita insistência da diretoria. Depois da aposentadoria, nos anos 2000, ele colabora hoje informalmente com o clube.

– Eu tinha raiva do Marcílio e do Almirante Barroso, só faltou eu ser amarrado pra me trazerem pra cá. Mas acabei ficando e peguei amor por tudo que eu já vivi aqui – conta.

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Lembranças

Acompanhando o Marcílio dentro e fora de casa, ele recorda de grandes times e grandes craques, além da evolução técnica que o profissionalismo trouxe ao longo dos anos. Comenta os anos vitoriosos do Marinheiro, principalmente na década de 1960, e detalha duas partidas memoráveis, sem saber precisar a data em que elas aconteceram.

– Uma vez precisávamos ganhar de dois gols de diferença do Criciúma, fora de casa, e fizemos isso faltando 10 ou 15 minutos pra acabar o jogo. Em outro campeonato a gente tinha que empatar com o Joinville, também fora de casa, e conseguimos já nos acréscimos, depois de estar perdendo por 2 a 0. São coisas que marcam – relata.

Quando fala do passado, presente e futuro do clube quase centenário, o ex-massagista garante que o futebol não mudou praticamente nada. As regras, a emoção e as particularidades continuam as mesmas. Técnicos supersticiosos, diz, sempre existiram, como alguns que ele conhecia e usavam a mesma cueca em todos os jogos para dar sorte. A paixão da torcida também apenas se renova, mas nunca termina. E para garantir que ele estará presente no maior desejo dos marcilistas, seu Maneca até já fez um acordo pra lá de especial.

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– Fiz um contrato com São Pedro pra ver se ele me deixa mais um pouquinho por aqui, para ver o Marcílio campeão aqui dentro do Hercílio Luz. Não sei nem o que vou fazer quando isso acontecer, porque nunca vi – brinca.