O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, em evento de celebração de 10 anos do Bolsa Família, que, caso “tivesse de voltar no tempo, com a experiência de hoje”, começaria seu governo novamente pelo programa de transferência de renda. Em cerimônia em Brasília, Lula e a presidente Dilma Rousseff enalteceram as conquistas sociais dos seus governos.

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– O Bolsa Família, associado a políticas de valorização do salário e acesso ao crédito, provou que era possível acabar com a fome. Essa tarefa era absolutamente necessária para construir o país que estamos construindo – disse o petista.

O ex-presidente afirmou ainda que o programa social, lançado em 2003, integrou milhões de pessoas antes marginalizadas e apartadas do processo social. Lula disse também que os dados apresentados pela ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, traduzem o sucesso do programa e contradizem as críticas, que, para ele, tinham motivação política também, uma vez que “o pobre não precisa mais pedir favor”.

– O pobre está mais livre para exercer sua cidadania, não precisa mais trocar o seu voto por feijão, por jabá, por comida – afirmou ele.

Lula também criticou as pessoas que, segundo ele, se aproveitam de falhas para atacar o programa, e disse que “um erro de cadastro é tratado por alguns hipócritas como se fosse fraude, como se fosse corrupção, sem o menor respeito.”

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Ainda em seu pronunciamento, o petista se dirigiu aos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, presentes à cerimônia, dizendo que eles não podem se recusar a transferir recursos para os mais pobres.

– Parem de regatear dinheiro para os pobres – cutucou.

O programa atende hoje a 13,8 milhões de famílias e o seu custo equivale a cerca de 0,5% do PIB brasileiro

Para Dilma, o Bolsa-Família é a porta de saída da miséria

Em seu discurso, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Bolsa Família foi criado para ser não apenas a porta de saída da miséria, mas também a porta de entrada em um mundo com futuro e esperança. Para ela, é um “programa simples” e “as tecnologias mais sofisticadas nascem de ideias simples”.

Segundo ela, o programa funciona tão bem porque tem continuidade. Ela destacou que, sem tratá-lo de forma cuidadosa, não seria possível chegar aonde se chegou com o programa.

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– Mesmo tendo nascido ótimo, esta continuidade permitiu que ele fosse melhorado pelo empenho e criatividade de todos – destacou.

A presidente disse que, após a introdução do programa Brasil Sem Miséria na sua gestão, o País tem um programa “Bolsa Família renovado”. Segundo ela, o novo programa adicionou melhorias ao conteúdo.

– O Bolsa Família tem muitos êxitos e muitos resultados positivos. Ele consegue, conseguiu e conseguirá gerar mudanças na vida de cada um dos beneficiários e também com resultados coletivos – afirmou.

A presidente disse considerar um “absurdo” determinar para o beneficiário do programa onde ele deveria gastar o dinheiro do Bolsa Família.

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– É justamente por isso que ele (o programa) não é esmola, ele é uma transferência de renda (…) para aquela parte da população que o Estado brasileiro (…) tem uma dívida – destacou.

Em seu discurso, ela fez diversos elogios ao seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Dilma, que integrou grupos de resistência à ditadura militar, sua geração acreditava que as transformações “só eram possíveis com as armas”.

– Com o senhor (Lula), aprendemos que a verdadeira transformação é feita unindo as nossas mãos às mãos dos nossos irmãos. Descobrimos que a energia pacífica é a grande força motriz da história – disse.

Foi assim, disse Dilma, que em uma década foi possível fazer com que 36 milhões de pessoas saíssem da miséria.

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– Em breve, vamos varrer a miséria absoluta do nosso território – profetizou.

Impacto na economia é destacado pela presidente

A presidente destacou o impacto do programa na economia brasileira. Citando um estudo recente elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), segundo o qual o Bolsa Família é o programa social com maior reflexos econômicos, a presidente disse que cada R$ 1 transferido representa R$ 1,73 para o PIB.

Ela afirmou ainda que a Organização das Nações Unidas recomenda a muitos países tecnologias semelhantes de transferência de renda. “Mais de 60 nações mandaram emissários ao nosso País para estudar o Bolsa Família”, disse. Dilma prometeu ainda em seu pronunciamento que a “eliminação da pobreza é um dos principais objetivos” do seu governo e que o Bolsa Família vai existir “enquanto houver uma só pessoa pobre neste País”.

A presidente afirmou que o programa é “emancipador” e transfere o poder ao cidadão. Ela acrescentou ainda que o Bolsa Família é um programa que “constrói o poder feminino”, uma vez que 93% dos titulares do benefício são mulheres.

– As mulheres ganharam força e autonomia dentro de suas casas. Elas provêm suas famílias, e ganharam poder nos espaços públicos. É um reconhecimento do Estado brasileiro da importância da mulher no núcleo familiar – afirmou.

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