Morar em um dos países com melhor qualidade de vida do mundo é uma realidade para um número crescente de brasileiros. Desde 1995, a quantidade de imigrantes do país na Noruega cresceu seis vezes.
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Com dificuldades para encontrar mão de obra local e uma economia em pleno crescimento, os nórdicos veem no Brasil um celeiro de profissionais especializados. Berço dos vikings, históricos exploradores náuticos, os noruegueses querem a ajuda dos estrangeiros para levar suas empresas a novos mercados.
E uma das prioridades é justamente o Brasil: os investimentos bilionários da Petrobras para explorar o petróleo no pré-sal têm encorajado muitas companhias norueguesas a buscar parcerias por aqui. E contar com trabalhadores brasileiros se tornou fundamental.
– Há muitas empresas da Noruega se estabelecendo no Brasil. Elas precisam de pessoas que conheçam o mercado e o idioma – explica Frank Emblem, diretor de comunicação do Centro Norueguês de Excelência em Indústria Naval (AAKP).
Diversas companhias e universidades da Noruega têm procurado parcerias para desenvolver intercâmbio e recrutar trabalhadores especializados. No final de agosto, as gaúchas UFRGS e Furg, de Rio Grande, acertaram parcerias com universidades de Stavanger e Ålesund para enviar e receber técnicos e estudantes.
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A maior parte das vagas está na indústria de petróleo, gás e naval, principais setores da economia daquele país, mas há oportunidades também em empresas de pesca e em serviços ligados ao turismo. As companhias que atuam na construção de plataformas e sondas, por exemplo, oferecem 250 vagas para profissionais com nível superior.
– Há muitas oportunidades, principalmente na área de engenharia – afirma Kjell Johannessen, presidente do Centro de Excelência em Offshore e Sondas da Noruega (Node).
Em média, o salário para profissionais especializados fica em torno de 35 mil coroas (ou R$ 12,5 mil) na nação nórdica. Há poucas restrições para concessão de visto de trabalho para trabalhadores estrangeiros, mas a obtenção das licenças se torna mais fácil quando os candidatos têm alto nível de especialização.
Apesar de ter aumentado, ainda é discreta a presença de brasileiros na Noruega. Dos 500 mil imigrantes, apenas 2,9 mil são brasileiros, conforme o governo local (nas estimativas do Itamaraty, 5,5 mil brasileiros vivem lá). A maior parte deles não trabalha em empresas norueguesas, são representantes de companhias brasileiras naquela nação.
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– Talvez a maior barreira para os brasileiros seja o idioma, pois as empresas preferem quem fale o norueguês. No entanto, nas empresas de petróleo e gás, que são mais internacionalizadas, não há essa exigência – explica Cathy Quist, diretora de comunicação do Node.
O carioca Rafael Huguenin, 28 anos, sintetiza o perfil de trabalhador que a Noruega busca no Brasil. Morador de Bergen, polo offshore norueguês, desde o início do ano passado, o engenheiro foi trabalhar com aplicações para bombas e sistemas submarinos na Framo Engineering. Em janeiro do próximo ano, voltará ao Brasil para ajudar a companhia a expandir negócios por aqui.
– O objetivo é que, neste tempo em que estou trabalhando na Noruega, eu possa absorver o máximo de conhecimento antes de retornar e dar suporte ao crescimento da companhia no Brasil – explica Huguenin.
Suas impressões da Noruega são as melhores possíveis. Conta que o governo fornece ótimos serviços à população: hospitais que funcionam, transportes públicos eficientes e educação de qualidade. Afirma, ainda, que na Noruega todos recebem salários adequados para terem uma vida confortável, desde o funcionário mais simples até o diretor da empresa.
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Faz um particular elogio à civilidade do norueguês:
– Em geral, todos se respeitam e fazem o certo só por ser certo.
As áreas que abrem portas
Com o agravamento da crise internacional, a Noruega passou a atrair contingentes cada vez maiores de trabalhadores de países como Romênia, Espanha e Polônia. De1995 a 2011, o número de estrangeiros no país triplicou – e a quantidade de imigrantes brasileiros cresceu quase seis vezes.
Conhecimento em áreas como mecatrônica, construção, robótica, tecnologia da informação e engenharia hidráulica abrem portas importantes na Noruega.
A legislação do país permite a concessão de licença de trabalho em diversas condições. Mais detalhes podem ser conhecidos no site oficial do país no Brasil: www.noruega.org.br.
Serviços subsidiados…
Saúde e ensino até o nível secundário são gratuitos na Noruega:
Os salários na Noruega costumam variar de 12 mil coroas (R$ 4,2 mil) a 35 mil coroas (R$ 12,5 mil), de acordo com a qualificação do funcionário e o cargo ocupado. O poder de compra é alto, já que o governo oferece os serviços básicos:
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A educação pré-escolar é um benefício social para pais e mães que estejam trabalhando, por meio de subsídio. O governo oferece pagamento mensal aos pais que optem por não utilizar o benefício.
A saúde é gratuita. Serviços mais básicos são oferecidos pelas administrações municipais e regionais. Casos complexos são atendidos em hospitais e centros clínicos federais.
Pais e mães noruegueses têm direito a licença remunerada nos primeiros oito meses de vida do filho.
O ensino na Noruega é gratuito até o nível secundário. Além disso, a maioria das instituições de Ensino Superior é gerida pelo Estado.
… mas o país é caro
O bom padrão de vida cobra seu preço: com altos impostos e parte da produção agrícola subsidiada, a Noruega é um dos países mais caros do mundo. Confira alguns exemplos.
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Cachorro-quente em uma lanchonete comum: 59 coroas (R$ 21)
Barra de chocolate: 35 coroas (R$ 12,50)
Garrafa de água de 1,5 litro: 9 coroas (R$ 3,21)
Camiseta de algodão masculina gola polo: 189 coroas (R$ 67,50)
Vestido de verão em loja de rua: 250 coroas (R$ 89,20)
Enfeite de mesa em loja de souvenir: 69 coroas (R$ 24,60)
Litro de gasolina: 14 coroas (R$ 5)