Ao chegar na praia de Waimea e olhar o mar, a decepção. Sim, a praia era linda. A água era azul, e a areia, fofa. O sol brilhava, mas o local nada tinha de semelhante com as tradicionais imagens dos filmes de surfe que motivaram aquela viagem em família ao Havaí, no ano de 1999.
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Só poderíamos estar na praia errada, pensamos. O mar mais parecia uma lagoa, nenhuma onda sequer. Naquela época, os carros não eram equipados com GPS, e nós olhávamos repetidamente para o velho mapa de papel rabiscado, tentando entender em qual parte do trajeto havíamos errado. Aquele lugar não poderia ser Waimea: a lendária praia havaiana conhecida por ondas capazes de ultrapassar os 10 metros de altura. Perguntamos, então, a um homem, morador da região:
– O senhor pode nos dizer que lugar é esse?
– Waimea – responde ele, sem nos dar muita atenção.
– O senhor tem certeza? O que houve com as ondas?
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– Vocês deram azar. Esta semana o mar está mais calmo do que uma piscina.
Foi neste momento que descobri que Waimea, mesmo durante a temporada de surfe, é capaz de chegar aos extremos em poucos dias: de ondas gigantes a pequenas marolas. Quando a ondulação oceânica não chega até a costa e o mar fica ”liso” – ou ”flat” na linguagem dos surfistas -, turistas desavisados como nós podem desfrutar de um mergulho na praia que é considerada por especialistas uma das mais perigosas do mundo para a prática do surfe e para o banho.
Além do privilégio de nadar em Waimea, a falta de ondas fez com que descobríssemos que as atrações do North Shore havaiano vão muito além do surfe, e foi justamente isso que motivou a minha volta ao local, neste verão, 15 anos depois. Apesar de o North Shore oferecer praias paradisíacas, temperaturas agradáveis e opções de passeios para toda a família, durante o ano inteiro, ver de perto o potencial do mar havaiano na temporada de inverno do Hemisfério Norte é uma experiência memorável e que, em minha segunda visita ao Havaí, tive o privilégio de presenciar.
Ainda com as malas no carro, na chegada ao norte da ilha, bastou dobrar a direita e contornar a baia de Waimea para ouvir o barulho do mar cada vez mais alto. Lá embaixo, ondas de seis a oito metros quebravam não muito longe da praia. O volume de água e a espessura daquelas ondas me chamaram a atenção e, naquele momento, soube que, desta vez, o Havaí proporcionaria, além de dias de praia, mergulhos e trilhas com cachoeiras, a imagem das lendárias ondas do North Shore.
Arte e mergulho
O North Shore fica localizado na ilha de Oahu, a aproximadamente 45 minutos de carro do centro de Honolulu, capital do Estado do Havaí. No mapa, os locais aparecem em lados opostos. Um ao sul, e outro ao norte. Opostos também são os estilos de cada um deles. Honolulu é uma cidade moderna, agitada, com uma vasta opção de hotéis, lojas e restaurantes. No North Shore, o clima é simples, mas não menos atraente.
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Existe apenas um grande hotel na região: o Turtle Bay Resort, ideal para quem busca a mistura de tranquilidade e sofisticação. Perto dali, fica a cidade de Haleiwa, com aproximadamente quatro mil habitantes e com o ”centrinho” mais charmoso do norte da ilha. Uma ótima opção de passeio depois de um dia de praia. Lá, os visitantes têm contato direto com o artesanato local e boas opções de gastronomia. As galerias de arte são o ponto alto, com obras que revelam a história do povo havaiano.
Em Haleiwa, também estão localizadas algumas empresas de mergulho. Um passeio recomendável, considerando-se a diversidade da vida marinha de Oahu. Encontros entre mergulhadores e animais como tartarugas, arraias, focas e até mesmo golfinhos são frequentes. Para os mais aventureiros, o mergulho com tubarões é uma opção.
O peixe impronunciável
Para quem prefere uma atividade com menos adrenalina e sem sair do North Shore, Shark’s Cove e Kuilima Cove proporcionam boas condições para a prática do snorkel. Com um pouco de sorte é possível até mesmo encontrar o colorido e brilhoso peixe de nome complicado e que é símbolo das ilhas havaianas, o Humuhumunukunukuapua’a, também conhecido como ”focinho de porco”, devido ao barulho estranho que emite ao se sentir ameaçado. Os guias locais brincam que o nome é muito maior que o pequeno animal.
Opções de exercício não faltam no norte da ilha. Bicicletas podem ser alugadas por uma média de US$ 15 a diária. A estreita ciclovia também serve como pista de corrida e passa pelas famosas praias de Banzai Pipeline e Sunset. Para quem procura unir a atividade física ao turismo, o hiking é uma das práticas mais populares da região. A trilha de Waimea Valley oferece como recompensa um refrescante banho de cachoeira depois da caminhada de pouco mais de um quilômetro.
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