O Comandante-geral da Polícia Militar de Santa Catarina Araújo Gomes, também presidente da Colegiado Superior de Segurança Pública formada pelo novo governo, afirmou em entrevista ao NSC Notícias que a estratégia para a área será trabalhar a integração dos órgãos envolvidos na segurança do Estado.
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De acordo com Gomes, a ideia é melhorar a "gestão de retaguarda e direcionar mais recursos para quem está na ponta". Ele também ressaltou que a transparência com a comunidade está entre os objetivos da gestão.
Sobre a contratação de novos agentes, o comandante disse que é uma questão que depende das finanças do Estado. Justificou ainda que, mesmo com o efetivo "numa curva decrescente ao longo do ano", os números da segurança catarinense melhoraram.
Cúpula de segurança
O Colegiado Superior de Segurança Pública foi anunciado por Carlos Moisés em 20 de dezembro de 2018. O modelo, segundo o próprio governador, é inédito. A figura do secretário de Segurança será substituída pela do presidente do colegiado, cargo em que os líderes das instituições de segurança do Estado vão se revezar a cada ano.
A presidência do conselho fica com Araújo Gomes durante o ano de 2019, sendo seguido pelo diretor-geral da Polícia Civil, Paulo Koerich, pelo comandante do Corpo de Bombeiros (que será definido em fevereiro) e, por último, sob a liderança do diretor-geral do IGP, Giovani Eduardo Adriano.
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Carlos Alberto de Araújo Gomes Júnior é comandante-geral da PM desde fevereiro de 2017 e foi mantido no cargo pelo atual governador. Está na Polícia desde 1987 e chegou ao posto de coronel, o último da carreira, em janeiro de 2016. Ao longo da carreira atuou em missões oficiais do Governo Federal e recentemente reuniu-se com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro da Justiça, Sergio Moro, para discutir questões relacionadas à segurança pública.
Na segunda-feira, o secretário da Educação, Natalino Uggioni, foi o primeiro a comparecer à série de entrevistas. A segunda foi com Helton de Souza Zeferino, da Secretaria de Estado da Saúde. O último entrevistado será Carlos Hassler, titular da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade. As entrevistas ocorrem ao vivo no NSC Notícias, a partir das 19h20min.
Confira a entrevista do comandante-geral da PM Araújo Gomes:
Coronel, felizmente, nós começamos um ano menos violento e 2018 terminou, no balanço geral, menos violento. Neste cenário mais favorável, qual será a prioridade para a segurança pública de Santa Catarina?
Essa é uma pergunta fabulosa porque eu imagino que seja a curiosidade de todos os catarinenses. Nós vamos em primeiro lugar manter a estratégia já vitoriosa, dar continuidade ao que está funcionando é fundamental e isso hoje está centrado principalmente nas estratégias operacionais das instituições envolvidas: PM, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, IGP, até outras polícias que não são da Secretaria mas que estão diretamente relacionadas conosco, e até mesmo o Ministério Público e o Judiciário, que são grandes parceiros. Entretanto este ano pretendemos aprofundar a eficiência dessas estratégias, com maior integração com a melhoria da gestão de retaguarda e direcionar mais recursos para quem está na ponta. E principalmente uma estratégia de maior parceria e transparência com a comunidade nessas questões de segurança.
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No NSC Notícias nós mostramos uma reportagem que os próprios agentes de segurança reclamaram da falta de efetivo. Este é um dos maiores desafios que permanecem para esta gestão. Em 2019 o senhor prevê chamar e nomear novos agentes de segurança já aprovados nos concursos?
A nomeação de agentes de segurança pública está condicionada à questão financeira do Estado. O que é importante é que todos os órgãos envolvidos estão com pessoas em condições de serem chamadas assim que isso seja possível. O que garante uma rápida resposta operacional uma vez que a condição financeira permita.
O senhor vai trabalhar para conseguir repor este efetivo este ano?
Com certeza trabalhar para repor o efetivo é sempre um esforço da administração, mas vale apena destacar que nós atacamos outras frentes. O uso de tecnologia, a inovação, que é uma marca das polícias catarinenses. E o melhor uso de estratégias de gestão tem garantido que mesmo com menos efetivo, como ano passado, numa curva decrescente ao longo do ano, as curvas de ganho nos indicadores não se modificaram. E tendência de queda se manteve.
O ministro-chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni afirmou que o decreto para flexibilizar a posse de arma de fogo deve ser editado até a semana que vem. Se isso ocorrer, como o senhor pretende encaminhar os impactos do armamento aqui em Santa Catarina?
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Em primeiro lugar é preciso diferenciar que a autorização para possuir é diferente da autorização para portar. Significa que a pessoa pode ter em sua casa, em seu comércio, mas não pode andar armada pela rua. Com isso o impacto é menor do que aquele esperado de ter pessoas armadas aleatoriamente pela rua caminhando. Em segundo lugar vale a pena destacar que há regras muito claras e rigorosas mesmo com o decreto flexibilizado para possuir uma arma. Isso serve de filtro. E por isso, as estratégias que já garantiram que nós, no ano passado, tenhamos apreendido, quando as armas não eram permitidas, mais de três mil armas, vão continuar funcionando. As abordagens permitidas, o monitoramento de locais de risco, a pronta resposta em crimes em residências que as armas possam ser furtadas e principalmente o uso da inteligência.
Queria que o senhor comentasse sobre o IGP, essa cobrança de que eles dizem que atuam com somente 30%?
Dos quatro órgão que compõem a Segurança Pública, três – a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros e o IGP – têm concursados para serem chamados e estão em pé de igualdade. A PM tem um concurso que deve ser concluído em junho para oficiais e um que deve ser lançado agora no início do ano, para soldados. Está pronto para chamarmos esse pessoal. Uma vez que haja recurso financeiro, é a prioridade no momento.