Manaus vive hoje uma polêmica semelhante à que aconteceu em Brasília, quando o estádio construído para a Copa no terreno do Mané Garrincha foi rebatizado de Estádio Nacional de Brasília – e, depois, recebeu também o nome do ex-craque da Seleção. A Arena Amazônia ocupa o lugar do antigo Vivaldo Lima – e isso está longe de agradar aos fãs de futebol na cidade.

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Muitos querem a manutenção do nome Vivaldo Lima – ou até mesmo rebatizar o estádio com o nome do fundador da Federação Amazonense de Futebol e um dos principais responsáveis pela construção do antigo estádio, Flaviano Limongi, morto em abril deste ano, aos 87 anos. Na época da construção do Vivaldão, Limongi criou uma campanha inusitada em parceria com as empresas de refrigerante da cidade. Na campanha, a cada refrigerante comprado pela população, um percentual do lucro era destinado à construção do estádio. A campanha foi um sucesso. Um vereador de Manaus chegou a encaminhar um projeto para nomear o estádio novo com o nome de Limongi. Mas, como a arena é estadual, teve de se contentar em sugerir ao governo do Amazonas.

– Por mais distante que estejamos da primeira divisão (o futebol do Amazonas só disputa a Série D), tivemos grandes momentos nos anos 70 e 80 graças ao trabalho do Limongi – explica o parlamentar Professor Samuel (PPS).

Na Assembleia Legislativa, tramita um projeto que pede a inclusão do nome antigo, aos moldes do Estádio Nacional Mané Garrincha. De autoria do deputado Marcelo Ramos (PSB), pede que o local seja chamado de Arena da Amazônia Vivaldo Lima.

– Chamar apenas de Arena da Amazônia não diz muito do ponto de vista histórico. Não podemos apagar a História – opina o parlamentar.

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O que diz o governo

O coordenador da Unidade Gestora da Copa (UGP/Copa), Miguel Capobiango explica que as arenas receberam denominações da Fifa de acordo com a região onde foram construídas.

– Por isso temos a Arena Pantanal, no Mato Grosso; temos a Arena das Dunas, no Rio Grande do Norte, e no caso de Manaus ficou Arena da Amazônia. Foram nomes escolhidos para dar visibilidade internacional. Não teria o mesmo impacto se o estádio se chamasse Vivaldo Lima – argumenta.

Capobiango diz que, por enquanto, o governador do Estado, Omar Aziz, ainda não sinalizou se haverá ou não mudança quanto ao nome do estádio.

Quem foi Vivaldo Lima

Vivaldo Palma Lima nasceu em Salvador, na Bahia, no dia 10 de abril de 1877. Mas foi no Amazonas que ele construiu sua história de vida. Em Manaus foi médico, advogado, jornalista e político. E presidente do Nacional Futebol Clube – time com o maior número de títulos do Campeonato Amazonense: 41 no total. Depois de uma briga com os dirigentes, fundou um novo time: o Nacional Fast Clube.

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– Virou Fast, que é rápido em inglês, porque queria um Nacional mais rápido – explica Nicolau Libório, autor dos livros “Memórias do Esporte no Amazonas” e “Lembranças do Futebol e do Rádio Amazonense”.

O encontro entre Nacional e Fast Clube foi batizado de clássico Pai-Filho. O Vivaldão foi inaugurado em 1970, com a presença da Seleção Brasileira que meses depois seria tricampeã do mundo na Copa do México. Vivaldo Lima morreu em 23 de novembro de 1949 aos 72 anos. Na ocasião ele exercia mandato de deputado federal pelo Amazonas.