Planejar uma festa de casamento exige disposição, tempo e dinheiro. As noivas costumam iniciar os preparativos com pelo menos um ano de antecedência para que o dia mais especial de suas vidas seja como sonharam. Para isso, pensam em tudo, desde o vestido até o convite que será entregue aos amigos e parentes. Nenhum detalhe é menos importante ou menos caro.
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Porém, as promoções oferecidas por uma empresária de Joinville nas redes sociais chamaram a atenção de noivas de todo o Brasil. Ela teria vendido sonhos por um preço abaixo do mercado. O pacote incluía convites para o casamento e o chá de panela, lembrancinhas, enfeite para o bolo, bolo falso, lenços e uma infinidade de itens disponíveis para compra na internet por preços que variavam entre R$ 1,8 mil e R$ 2 mil.
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Ariadna, Marcele, Josiane, Michele, Dayane, Aline foram algumas das noivas que se encantaram pelos produtos, assinaram contrato e até pagaram antecipado pelo serviço. O que elas não imaginavam é que os produtos não seriam entregues e que o valor pago não seria ressarcido.
A reportagem de “A Notícia” conversou com pelo menos dez noivas que moram em cidades do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás. A história relatada foi a mesma. Todas disseram ter comprado o pacote promocional na internet e escolhido os itens no site da empresa.
De acordo com as noivas, no início a proprietária era muita atenciosa e prometia entregar os produtos no prazo combinado. Em alguns casos, parte dos itens foi entregue, mas nenhuma das noivas recebeu o serviço completo. Quando perceberam que não teriam os produtos contratados, as noivas exigiram ressarcimento, o que não ocorreu.
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Nos últimos meses, a empresária deixou de responder aos e-mails e aos telefonemas. No início de setembro, saiu de Joinville. Nem o oficial de Justiça conseguiu encontrá-la para entregar uma intimação referente a um processo aberto no Juizado Especial Cível por uma noiva de São Paulo. As páginas na internet e os perfis nas redes sociais também foram deletados.
– Investir em um casamento já é caro e ainda levo um golpe desses? Ela não tem noção do que é um casamento na vida de uma pessoa. Ela não respeitou esse
sonho – desabafou Marcele Freitas Felipe, 29 anos, que mora em Belo Horizonte.
O paradeiro da empresária é uma incógnita. Funcionários da empresa acreditam que tenha se refugiado na casa de parentes, no Rio Grande do Sul, após receber ameaça de morte de um agiota.
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Produtos vendidos pela empresária tinham preço baixo. Foto: Reprodução
Vítimas buscam alternativas para realizar casamento
Algumas das noivas prejudicadas pela empresária que atuava em Joinville fizeram uma nova compra às pressas para realizar o casamento. Outras pretendem realizar a festa sem os itens contratados, pois não têm condições financeiras. Uma das vítimas ouvidas por “AN” decidiu adiar o casamento.
Todas registraram boletim de ocorrência na cidade onde moram ou procuraram o Procon. As noivas criaram páginas nas redes sociais para trocar informações e registraram queixa em sites de reclamação na internet.
Processos judiciais foram abertos em Joinville, São Paulo e Minas Gerais. O juiz Gustavo Marcos de Farias concedeu liminar para que a empresária entregue os serviços contratados. Se não for encontrada, o processo pode ser encaminhado à Vara Cível.
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Ex-funcionária fez alerta sobre gastos
Segundo uma ex-funcionária da empresa que não entregou os serviços contratados, a empresária começou o trabalho em seu apartamento, no bairro Costa e Silva, no ano passado. No início deste ano, ela constituiu uma empresa e, há três meses, alugou uma sala no mesmo bairro. Oito pessoas trabalhavam no local.
A jovem conta que além das noivas, os funcionários também ficaram desamparados, com salário atrasado e sem a carteira de trabalho.
A ex-funcionária pretende arrumar outro emprego, mas não consegue porque a carteira não foi liberada. Ela disse que tentou alertar a empresária sobre os valores dos pacotes que eram vendidos por um preço inferior aos gastos.
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– O que quebrou ela foram esses pacotes promocionais. O trabalho dela era bonito, mas a administração foi falha. Ela começou a se perder e a fazer dívidas – destacou.
Segundo a funcionária, a empresária pediu apoio a uma empresa de consultoria e fez sociedade com outra pessoa, mas a administração ficou fora do controle. Até o proprietário da sala onde funcionava a empresa não recebeu o aluguel do último mês.
Ele casou-se recentemente e também contratou o serviço da inquilina.
– Demorei para receber os convites. Tinha que cobrar todos os dias. Se foi assim comigo, que estou aqui, imagina com as outras pessoas – avaliou.
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A funcionária e o proprietário da sala calculam que mais de 200 noivas tenham sido prejudicadas em todo o Brasil.
Divulgação do nome
O Guia de Ética e Autorregulamentação Jornalística do Grupo RBS diz, no item 4.1.1, que a citação de nomes e a divulgação de imagens de suspeitos ou acusados só podem ser feitas a partir de indiciamento, detenção, prisões em flagrante, preventiva ou temporária, cumprimento de mandados de busca e apreensão, entre outras. Por este motivo, o jornal “A Notícia” não informa nesta edição o nome da empresária citada na reportagem.