Um projeto que já tem três anos e leva a literatura para dentro da prisão terá seu momento mais importante desde que foi criado, em 2013, pelo juiz da Vara de Execução Penal de Joinville, João Marcos Buch.

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É uma sessão de autógrafos com os 17 detentos que escreveram os textos que estão no livro Contos Tirados de Mim – A Literatura do Cárcere. O evento, que será realizado nesta quinta-feira, às 20 horas, é inédito no País e foi organizado pelo magistrado e pela Giostri Editora, de São Paulo.

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O evento terá a participação especial do ator Luís Melo, que fará a leitura de um texto literário de sua autoria. Embora não tenha ligação com o sistema penitenciário, Melo é parceiro da editora e um incentivador da literatura.

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Ele atuou em novelas da Rede Globo, como “O Amor Está no Ar”, “Pecado Capital”, “A Padroeira”, “A Casa das Sete Mulheres”, “América”, “O Cravo e a Rosa” e “Cobras e Lagartos”.

A obra tem 17 contos criados por três mulheres e 14 homens que cumprem pena em Joinville. O evento é aberto ao público e os livros serão vendidos pelo preço de custo – R$ 10.

– É um momento importante, que mostra que o projeto deu frutos e vai continuar muito forte – diz o juiz.

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O projeto de leitura existe desde 2013 e propõe que os apenados leiam um livro por mês e escrevam uma resenha, sendo avaliada posteriormente por professores. Assim, a cada texto concluído e entregue, os presos podem diminuir quatro dias da pena. Em um ano, é possível reduzir até 48 dias.

Os textos escritos pelos detentos, embora ficcionais, têm muito do dia a dia vivido dentro da prisão, a rotina e os conflitos, mas não são autobiográficos.

Os autores têm entre 20 e 39 anos e cumprem penas por diversos tipos de crimes. Eles trabalharam durante os últimos meses nos textos num espaço especial criado dentro da Penitenciária Industrial de Joinville. Além da sala de leitura, há bibliotecas espalhadas pelos setores da prisão.

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Uma oficina literária foi realizada com os presos para transformar os relatos em contos. Segundo o magistrado, em torno de 200 presos leram mais de 1,5 mil livros no ano passado.

O livro conta com notas introdutórias da escritora e psicanalista Betty Milan e do dramaturgo, psicanalista e psiquiatra Antonio Quinet.