Na ponta dos pés, as bailarinas da Escola do Teatro Bolshoi do Brasil abrem a Noite de Gala do 31º Festival de Dança de Joinville. Ao lado delas, um único solista, que dança em meio às 23 meninas para apresentar Les Sylphides, peça clássica baseada em músicas de Chopin. É uma volta no tempo, remetendo à Era Romântica do balé, de quando as bailarinas começaram a descobrir a leveza etérea de ficar na ponta e “voar” no palco.
Continua depois da publicidade
É, também, um contraste com o que vem depois: a polêmica A Sagração da Primavera, do russo Vaslaj Nijinski, com remontagem de Olga Roriz, que transporta o público para uma Rússia pagã e selvagem. Para garantir a perfeição dos movimentos que os bailarinos do Bolshoi apresentarão hoje, uma convidada especial saiu de Moscou no fim de junho: a bailarina do Ballet Bolshoi, Elena Andrienko, é a ensaísta de Les Sylphides, que foi montada em Joinville pela professora Galina Kravchenko, também ela ex-integrantes do elenco do Bolshoi russo.
– É um balé romântico, mas o mundo de hoje é muito tecnológico e muito louco. Estamos sempre com pressa e perdemos nossa humanidade. Este balé é como um sonho e acho que estamos sentindo falta disso – avalia Elena, sobre a importância de apresentar a peça no Festival.
Em cena, estarão alunas da quinta, sexta e sétima série da Escola Bolshoi e cinco bailarinos da Cia Jovem, que atuam como solistas. O joinvilense William de Almeida, 19 anos, assume a tarefa de ser “o poeta sonhador” do balé, aquele que enxerga as sílfides do título e dança com as fadinhas do ar.
Continua depois da publicidade
– Acho que é muita responsabilidade, ser o único menino no palco. É claro que o meu maior sentimento é o nervosismo – conta William.