A nova Nobel de Literatura foi divulgado nesta quinta-feira. A jornalista bielorrussa Svetlana Alexievich, 67 anos, foi a eleita pela Academia Sueca.

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Na cerimônia de divulgação do nome, a professora e crítica literária Sara Danius justificou a escolha de Svetlana pela força da “obra polifônica da autora, que é um monumento ao sofrimento e à coragem do nosso tempo”. Em entrevista coletiva, Sara também chamou a atenção para o trabalho de pesquisa da autora na criação de seus livros, entrevistando centenas de homens, mulheres e crianças.

– Ela inaugura um novo gênero literário, entre o jornalismo e a ficção – sugeriu a crítica.

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Svetlana Alexievich nasceu em maio de 1948 na cidade ucraniana de Ivano-Frankivsk, filha de um bielorruso e uma ucraniana. A família mudou-se para a Bielorrússia quando Svetlana ainda era criança e, lá, ela trabalhou como professora e jornalista enquanto estudava na Universidade de Minsk entre 1967 e 1972.

Oposicionista ao regime soviético, começou a carreira como jornalista formada em um jornal de Brest, cidade próxima à fronteira com a Polônia. Mas foi de volta à capital Minsk que começou a carreira como escritora, lançando, em 1985, o livro reportagem War’s Unwomanly Face (A face não feminina da guerra, sem tradução para o português), baseado em entrevistas com centenas de mulheres que viveram a II Guerra Mundial. O trabalho viria a ser o primeiro da série Vozes da Utopia, em que a vida na União Soviética é retratada da perspectiva dos indivíduos.

Recentemente, ela afirmou em entrevistas que tem muito respeito pelos ucranianos que, com seus protestos, expulsaram do poder o ex-presidente pró-Rússia Viktor Yanukovich em 2014. “Penso que o império ainda não desapareceu. E, pessoalmente, tenho a inquietante impressão de que não desaparecerá sem derramamento de sangue”.

De acordo com a Academia, “por meio de seu método extraordinário – uma colagem de vozes humanas cuidadosamente composta – Alexievich aprofunda nossa compreensão de uma era inteira”.

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Sara Danius anuncia o Nobel de Literatura 2015 (Foto: Maxim Malinovsky/AFP)

Apesar de ter sido traduzida para 22 línguas, a escritora está até agora era ignorada pelo mercado editorial brasileiro. O único livro da autora traduzido para o português é Second-hand Time: The Demise of the Red (Wo)Man, de 2013, que saiu apenas em Portugal, sob o título de O Fim do Homem Soviético. Seu livro mais conhecido é Voices from Chernobyl – Chronicle of the Future, escrito em 1997. Entre outros títulos, ela também assina Zinky Boys – Soviet voices from a forgotten war, sobre a guerra soviética no Afeganistão, e Second-hand Time: The Demise of the Red (Wo)Man.

O Nobel do ano anterior havia sido concedido para o francês Patrick Modiano. Os vencedores recebem o valor de 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 3,7 milhões). O prêmio já foi de 10 milhões de coroas suecas (R$ 4,7 milhões), mas a Academia reduziu o montante em 2012.