Prêmio Nobel de Literatura em 1999, autor de obras como O Tambor (1959) e A Ratazana (1986), o alemão Günter Grass morreu nesta segunda-feira, aos 87 anos. Ele estava internado em uma clínica da cidade de Lübeck. Até o final da manhã de ontem, a causa da morte não havia sido divulgada.

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Com sua imagem clássica – bigode espesso, óculos e cachimbo -, Grass foi um polêmico homem de esquerda, que sempre confrontava o país com seu passado fascista – apesar de, no passado, ter aderido à Juventude Nazista e combatido na II Guerra Mundial, quando foi feito prisioneiro pelos americanos. Grass foi o autor alemão mais conhecido no mundo na segunda metade do século 20.

O presidente alemão Joachim Gauck saudou a memória de um escritor cuja obra, “espelho impressionante de nosso país, constitui parte imutável de sua herança cultural”. O britânico Salman Rushdie expressou no Twitter sua tristeza: “Era um verdadeiro gigante, um inspirador, um amigo”.

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Depois da II Guerra, Grass estudou artes visuais. Só nos anos 1950 é que se decidiu pela carreira de escritor, unindo-se ao Grupo 47, que tinha por objetivo revitalizar a literatura alemã. Quando O Tambor foi publicado, em 1959, a revista Der Spiegel escreveu: “Deu origem, em um livro, à literatura alemã do pós-guerra”. “Sem as intervenções incessantes de Grass no debate público, a Alemanha seria outra”, publicou a mesma Der Spiegel depois. O Tambor foi adaptado para o cinema por Volker Schloendorff, tendo sido premiado com o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Entre suas obras, escritas em uma linguagem exuberante, mas precisa, repletas de fantasia e de ironia, também estão Passo de Caranguejo, Meu Século e Um Campo Vasto, entre outros.

Foto: Matthias Hoening, EFE

Conhecido por suas convicções políticas social-democratas, Günter Grass suscitou uma vida polêmica com Israel em 2012 ao publicar um poema em prosa, no qual afirmava que o Estado hebreu ameaçava a paz mundial ao querer atacar o Irã preventivamente diante da possibilidade de que este país dispusesse de armas nucleares. Por este motivo, Israel o declarou “persona non grata”.

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O escritor, que durante os anos sessenta e setenta insistiu em destacar o passado nazista de seu país, provocou um grande escândalo em 2006 quando revelou que na juventude integrou as Waffen SS, forças de elite de Adolf Hitler. Isto o escritor teria revelado no livro Descascando a Cebola, que faz parte de suas memórias.

*Zero Hora, com informações da APF