Noah Wyle já está acostumado há quase duas décadas a personagens que salvam vidas. Interpretou o Dr. Carter em Plantão Médico (E.R.) desde o primeiro episódio da série, em 1994, até 2006. Um dos personagens centrais da história, que se passava em um hospital de Chicago, Noah foi um dos atores que ficaram famosos durante a série, assim como George Clooney e Juliana Margulies, e retornou em 2009 como a participação especial de encerramento da 15ª e última temporada. Se antes ele salvava vidas com o bisturi, agora seu instrumento de trabalho é uma arma, que carrega consigo a tiracolo o tempo todo em Falling Skies.

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Dizem que Game of Thrones é um seriado sobre RPG para quem não gosta de RPG. No ar desde 2011, Falling Skies é um seriado sobre aliens para quem não gosta de aliens. O enredo conta a história da luta dos homens para retomar a Terra depois de uma invasão alienígena. Apesar disso, a série fez escolhas muito interessantes para contar essa história: os aliens são o inimigo, mas o foco é a luta pela sobrevivência e reorganização da sociedade depois da destruição quase total do planeta. Tanto que em muitos episódios os aliens mal aparecem. O inimigo poderia ser o comunismo, depois de um holocausto nuclear pós-Guerra Fria, ou o nazismo, se os alemães tivessem vencido a Segunda Guerra Mundial, e a história contada poderia ser a mesma.

As referências históricas são uma constante em Falling Skies exatamente por causa do personagem de Noah Wyle, Tom Mason. Professor universitário de história, ele se transforma em líder guerrilheiro contra os aliens, sem nunca deixar de lado as táticas e exemplos de acontecimentos quando planeja estratégias de batalha. Exibido no canal TNT, o programa tem como produtor executivo Steven Spielberg.

Em entrevista coletiva por telefone para a América do Sul, o ator que é fã de séries como Game of Thrones, Breaking Bad, Mad Men, Girls e Downton Abbey conversou com jornalistas sobre a próxima temporada de Falling Skies, que será a terceira, e estreia no Brasil no dia 14 de junho. Um entrevistado interessante por dizer a verdade (que nem sempre é a resposta mais aconselhável), Noah já declarou que não é fã de ficção científica e contou que acredita que pode existir vida em outros planetas. Confira o nosso bate-papo com o ator:

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O que você achou da segunda temporada e como ela afetará a terceira?

A temporada passada foi complicada. Assumimos uma série de riscos criativos na terceira temporada e iniciamos várias histórias complexas na segunda, então tivemos que ter muito cuidado para ter certeza de que os tópicos trabalhados tinham coesão. Foi exaustivo, mas três dos episódios da temporada estão entre os meus favoritos. Conforme a próxima temporada avança ela abre possibilidades totais para novas histórias. Estamos recriando o programa de muitas maneiras. Estamos procurando um novo produtor e novos roteiristas também.

Como a relação de Tom e Ann vai se desenvolver?

Havia considerações dramáticas e práticas sobre essa relação. Moon Bloodgood estava realmente grávida, então havia uma quantidade limitada de tempo em que poderíamos tê-la nas filmagens. Isso significou que tivemos que filmar cenas de episódios do fim da temporada antes mesmo dos roteiros terem sido escritos. Foi um dos grandes riscos. A outra questão é como esses personagens serão pais de uma criança? Obviamente, é uma necessidade biológica continuar tendo filhos se vamos sobreviver como espécie, mas em um nível prático, não parece muito viável. Mas eles se amam muito, passaram por muita coisa, cada um perdeu seu primeiro parceiro e eles estão muito dispostos a se comprometer um com o outro diante do futuro incerto.

Como é trabalhar com Steven Spielberg?

Trabalho com ele já faz algum tempo. Ele era um dos produtores executivos em E.R., então no conhecemos há um bom tempo. Posso dizer honestamente que em E.R. o envolvimento dele como produtor executivo era periférico, o título era mais uma homenagem, mas agora ele está muito presente em Falling Skies e quando ele está diretamente envolvido, o programa se torna melhor por isso. Claro que ele é um homem ocupado, acredito que ele trabalhe mais agora do que em qualquer fase de sua vida, mas ele ainda encontra tempo para estar incrivelmente envolvido na série. Percebo a qualidade dos scripts depois que ele os revisa, a qualidade dos episódios que aumenta depois de suas críticas editoriais e ele se envolve muito no design das espaçonaves e dos aliens, na pós-produção e nos efeitos especiais. Dá uma certa confiança por estar em boas mãos, saber que ele só coloca o seu nome em coisas boas. Ele é o grande contador de histórias da minha geração, então é uma grande honra trabalhar com ele.

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O que você pode nos dizer sobre os novos aliens que chegam na terceira temporada?

A temporada terá 10 episódios, vocês podem esperar gostar muito de sete. Um deles está um pouco abaixo da nossa média e dois outros vocês acharão extraordinários. Não quero provocar, mas essa é a grande história da nova temporada, esses novos aliens e o que eles vão significar nessa guerra. Começamos a temporada trabalhando uma forma de relacionamento com eles. Eles trazem armas e tecnologia muito superior à nossa e pela primeira vez vemos resultados reais e fazemos progresso nas batalhas. Mas existe a suspeita de muitos personagens sobre se essa união é como uma troca com o diabo, que pode nos custar muito. Os novos aliens podem ser apenas novos ditadores.

Muitas séries estão trabalhando com menos episódios por temporada. Você acredita que seja necessário fazer menos episódios para manter a qualidade?

Não acho que seja necessário. Em uma série como essa em que há tantos efeitos especiais, acho que seria impossível fazer mais episódios porque passamos muito tempo na pós-produção. Também sairia caro demais para valer a pena. Uma série como esta funciona com uma temporada menor porque assim você fabrica uma história que se estenda por 10 episódios ao invés de 22 ou 24. Mas em E.R., por exemplo, nós tínhamos mais de 22 episódios por temporada e apesar de nem todos terem necessariamente a mesma qualidade, acredito que a quantidade não atrapalhava a qualidade da série. A mudança desse paradigma tem a ver mais com a fragmentação da audiência do que com a capacidade dos criadores de fazer séries longas. Acredito que isso começou com o formato das telenovelas na América do Sul, as pessoas gostam de ter uma quantidade administrável de episódios para assistir por temporada e não se sentir lesado por ter perdido um ou dois de 24 episódios. Se são 10 ou 12, você sente que dá conta de assistir todos. Também existe o fato de que as séries não são transmitidas por vários canais diferentes, mas o próprio sistema de transmissão da televisão será alterado drasticamente com o sistema on-demand de transmissão.

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Você é pai de duas crianças, como isso afetou sua vida profissional? Você é um herói na TV, imagino que em casa também…

(risos) Eu tento, eu tento. 80% da razão pela qual faço essa série é para ser heroico para meu filho. Ele adora ir ao set e brincar com as armas de brinquedo e olhar os aliens, então sim, acho que isso representa uma grande diferença na minha carreira atualmente. Eu costumava ir atrás de trabalhos baseado no meu instinto do que seria um bom desafio ou de que projetos seriam interessantes. Agora boa parte das minhas escolhas são ditadas pelo que meus filhos querem assistir ou pelo que eles querem me ver fazer.

E você acredita em aliens?

Sim, acredito. Não sei como eles são e não sei se tem espaçonaves, se são bons ou se algum dia virão para a Terra, mas acredito que existe vida de algum tipo fora daqui.

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Em uma entrevista você comentou que Red Buttons, ator que fez participações em E.R. e que se tornou seu amigo tinha a filosofia de que devemos ter muitas lembranças maravilhosas no fim da vida, e que se não tivéssemos o suficiente saberíamos. Você disse que aprendeu e adotou essa filosofia. O programa está rendendo algumas dessas memórias especiais?

Acredito que Red Buttons estaria muito infeliz nesse programa (risos). Acho que o conselho dele era de que tivéssemos memórias excitantes, significativas e a série definitivamente me dá memórias intensas. Algumas são muito, muito frias, outras muito molhadas e outras são a lembrança de momentos muito divertidos. Fazer esse seriado está sendo um desafio muito interessante.