Fôlego é que faz Magno Alves estar dentro de campo aos 42 anos. Não apenas no sentido literal da palavra. O corpo esguio, de 70 quilos distribuídos em 1,76m, ajuda. Mas o que realmente o mantém em condição de estar em ação é a vontade, o sentido figurado da palavra. Continua sobre o gramado pelo sentimento que o gol anotado provoca. Experimentou-o por 448 vezes desde 1993, nos primeiros chutes pelo Retrans, clube de São Sebastião do Passé, no interior da Bahia. E quer mais. Sonha com o de número 500. A cabeça é tão ocupada com este e outros objetivos na longeva carreira que não há espaço para imaginar o que vai ser quando não tiver a bola como instrumento de trabalho.
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— Não tenho plano de aposentadoria. É momento por momento. Hoje eu não penso devido a essa alegria e ao amor que tenho. Mesmo deixando a família de lado e abdicando de algumas coisas, desde o início da carreira. Não é fácil, ainda mais agora com filhos. Mas vou dar sempre o meu melhor. E para frente a gente vê — conta.
A chama por conquistas no futebol não apaga, e a do Tubarão está bem acesa. O clube em expansão no Sul do País ofereceu contrato de acordo com os desejos do Magnata. No papel, o baiano de Aporá não viu o fim, mas a porta aberta para continuar a carreira e a caça dos gols. Com a camisa azul e preta a missão principal é fazer com que a bola encontre a rede e o Peixe, agora, a Série C do Campeonato Brasileiro. Assim, quem sabe, possa chegar a 500ª comemoração de gol.
– Hoje estou com 448. Fazer mais 52 gols não é tão fácil assim. Requer empenho e dedicação. Se for da vontade de Deus, espero que alcance. Eu, pessoalmente, estou motivado, com saúde, sou feliz e amo o que faço, faço com alegria. Não é só dinheiro. É um pouquinho de chão os 52 gols. Quem sabe, se o futuro disser que vai ser aqui, será um prazer. Mas vamos por etapas. Pensar na Série D e deixamos o depois para depois — insiste.
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A aposta do Peixe em ter o jogador veterano em seu conjunto demonstra ter sido certeira. Magno Alves chegou ao Domingos Gonzales para servir de referência aos jovens atletas que tentam levar a equipe à Série C do Campeonato Brasileiro. A dedicação que emprega ao futebol, por si só, cumpre o papel. Dentro de campo, a missão do Magnata é botar a bola na rede. E ele não desapontou na primeira vez em ação.
Logo na estreia na quarta divisão, contra o Cianorte, já corria o campo passados 15 minutos do segundo tempo e pouco depois estava no lugar certo para saltar, golpear a bola com cabeça e ser autor de seu 448º gol na carreira – o primeiro do Tubarão na Série D e que resultou na vitória por 1 a 0 no Estádio da Vila, na cidade do Sul de Santa Catarina.
– Havia conversado com o Waguinho (Dias, treinador), que me deu moral, me deixou à vontade. Falei que poderia jogar pelo menos 30 minutos. Fiquei um tempo parado e não tinha jogado uma partida oficial há mais de um mês. Foi bom, com a torcida chamando e gritando meu nome. Uma estreia com tudo lindo, desde o primeiro momento até o final, tudo 10. Compensei esse carinho todo com gol. O gol da vitória é dedicado a todos. Não fiz o gol sozinho. É importante começar fazendo gol e com três pontos dentro de casa.
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Com Magno Alves no conjunto, o Tubarão vai encarar o Novo Hamburgo às 16h deste domingo, no Estádio do Vale, na cidade gaúcha que dá nome ao time. Confira a seguir mais da entrevista com o Magnata.
Você tinha propostas de clubes das séries A e B. Por que escolheu o Tubarão? Quais os motivos?
Foram especulações, nada oficial. Até que surgiu a ideia do Tubarão, em que senti muita confiança no presidente Luiz Henrique (Ribeiro) e assim foi com o meu empresário, Maurício Nassif. Por mais que seja uma Série D, vejo que tem ambição, objetivos. Isso fortalece, porque também tenho objetivos na vida. Estou aqui para ajudar com meu potencial e capacidade. Tudo vai dar certo.
Hoje, qual o sentimento pela saída do Ceará? Você queria ficar para disputar a Série A novamente?
Claro que fiquei chateado com a saída do Ceará. Quando teve o acesso para a Série A não houve renovação. Mas respeito determinações. O carinho sempre vai existir pela camisa, pela instituição e principalmente pela torcida, que sempre me apoiou. Tenho marcas no clube e isso é inquestionável. Agora é ficar na torcida e quem sabe ainda retorne para lá. Tudo é possível para quem crê.
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Você correspondeu ao torcedor do Tubarão logo de cara, marcou o gol da vitória na estreia pela Série B. Como tem sido os primeiros dias da sua relação com a torcida?
O relacionamento é o melhor possível. Sou bem caseiro e no momento minha família ainda não chegou. Então, a gente sente o carinho pelas redes sociais, com muitas pessoas acompanhando, dizendo que este será o ano do Tubarão. São palavras de motivação que nos fortalecem, que passo ao grupo. Vamos lutar bastante para chegar ao objetivo, que visa chegar na Série C.
Financeiramente, ainda precisa jogar futebol? Joga para alcançar os 500 gols, o que motiva?
Se eu falar que jogo somente por amor, eu seria hipócrita. Ninguém trabalha de graça. Pela minha história, tenho certa independência, mas também preciso. Batalho por causa dos meus filhos, até porque hoje a educação está custando muito caro (risos). Ma meu maior motivo e o que ainda me motiva é que este era o meu sonho. Quando criança eu sonhava com este momento. Ainda que esteja com 42 anos, tenho alegria de sair de casa para ir treinar, ir jogar. Vibro com isso, em fazer gols. Jogo também pela marca, de tentar alcançar os 500 gols. Se chegar, glória a Deus. Se não der mais pra mim e não alcançar, tudo bem. Só não quero enganar, caminhar em campo.
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