O senador Romero Jucá (PMDB-RR) fez um discurso no plenário do Senado nesta terça-feira para se apresentar como novo presidente nacional do PMDB. Ele explicou que Michel Temer precisou se afastar da presidência do partido para se preservar, como vice-presidente da República, dos ataques que vem sofrendo relacionados ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
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— Assumo o PMDB hoje por uma conjuntura. O nosso presidente, o vice-presidente Michel Temer, nos últimos dias foi vítima de uma série de ataques, de uma série de manipulações, sofismas, armações e agressões, e ficava em uma situação difícil porque, ao mesmo tempo em que é vice-presidente da República, com todo o poder institucional que tem, é também presidente do PMDB, e, em tese, teria que descer ao debate, teria que expor posições, e, mais do que isso, teria que fazer enfrentamentos — disse.
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Jucá aproveitou para rebater as críticas que o PMDB tem recebido por parte dos parlamentares que apoiam o governo e disse que o partido não está participando de um golpe para tomar a Presidência da República. O senador lembrou que desde 2014 já haviam divergências internas no partido, inclusive por parte dele próprio, sobre a permanência na chapa presidencial, mas naquele momento a manutenção do acordo com o PT foi a proposta vencedora.
Agora, segundo Jucá, esse quadro se tornou insustentável.
— A sociedade que estava nas ruas esperava uma posição do maior partido do Brasil. Não é precipitado tomar uma decisão a favor do povo. Ao contrário, é uma posição acertada, consentânea com a realidade e com o momento de falta de representatividade em que vivem os partidos e os políticos hoje em nosso país — disse.
Impeachment
O novo presidente nacional do PMDB ressaltou que a reunião que decidiu pela saída da base do governo não tratou de como o partido vai se posicionar em relação ao impeachment. De acordo com ele, isso será tratado no momento adequado. No entanto, Jucá se antecipou em considerar que saídas como a proposta de convocação de eleições gerais são inconstitucionais e disse que o governo também não terá governabilidade se alcançar 180 votos para barrar o impeachment.
— Só se terá solução nessa votação se tiver 342 votos pelo impeachment ou se tiver 342 votos pelo não impeachment. Fora disso, é uma derrota para o país. Porque alguém pensar que, ao fazer qualquer estratégia para conseguir 180 votos, talvez 100 a favor e 80 escondidos – que não venham votar – e com isso se resolve no outro dia o problema do país, me desculpe, o problema estará agravado — disse.
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Jucá aproveitou também para isentar o PMDB e o vice-presidente Michel Temer de responsabilidade sobre os erros na condução da política econômica do país.
— Não venham cobrar do PMDB a crise econômica porque o PMDB não pilotou esse avião econômico. Aliás, o PMDB não pilotou esse avião do governo. O Michel não era copiloto, o Michel estava fora da cabine. Nós éramos, do PMDB, comissários de bordo. A gente segurava as pessoas, mandava apertar o cinto e dava um saquinho para vomitar — disse.
Sem legitimidade
O dicurso foi aparteado por diversos senadores, entre eles o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que acusou o vice-presidente Michel Temer de “estar há muito tempo articulando o impeachment”. Segundo ele, Temer seria um presidente sem legitimidade e sem apoio popular. O senador petista disse ainda sobre a fala do ministro do STF, Roberto Barroso, que criticou a foto em que apareciam diversos membros do PMDB comemorando a saída do governo.
— A fala do ministro Barroso foi expressão de um sentimento nacional. Está parecendo que os senhores estão se aproveitando de mobilizações legítimas para tentar dar uma aquartelada parlamentar e assumirem o poder. E o fato é que tem uma chapa. A chapa do golpe, que chamamos. Qual é a chapa? É Temer e Eduardo Cunha, que passa a ser o vice — disse Lindbergh.
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Jucá respondeu ao parlamentar petista dizendo que Eduardo Cunha “não é o PMDB, ele faz parte do PMDB” e disse que os problemas judiciais dele deverão ser resolvidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente do PMDB cobrou que o STF dê agilidade aos processos que estão lá sobre políticos para “separar o joio do trigo”.
Apoio
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez um aparte na fala de Jucá na condição de “presidente do PSDB para presidente do PMDB” e disse que seu partido estará disposto a apoiar um eventual governo Temer.
— Obviamente vamos tratar de projetos, vamos tratar de um programa emergencial para o Brasil, mas pode ter certeza, presidente Romero Jucá, de que, com o PSDB e com as inúmeras lideranças aqui presentes, da mais alta respeitabilidade, vossas excelências encontrarão sempre um palmo de chão limpo, onde as ideias possam prosperar e onde o projeto de um novo Brasil possa surgir — disse.