O candidato derrotado à Presidência da República, senador Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou nesta quarta-feira que qualquer tentativa de conversa entre o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e a oposição está condicionado à investigação e à punição das denúncias de corrupção que atingem a Petrobras.
Continua depois da publicidade
Em pronunciamento de meia hora na tribuna do Senado, o tucano disse que os governos do PT foram “intolerantes” durante 12 anos e agora defendem o diálogo. Ele disse que é preciso saber se as propostas do governo atendem as necessidades dos brasileiros.
– Qualquer diálogo tem que estar condicionado ao aprofundamento das investigações e exemplares punições daqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção do país conhecido como “petrolão” – afirmou, quando foi efusivamente aplaudido em plenário.
Leia todas as notícias sobre as Eleições 2014
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
Continua depois da publicidade
Segundo o tucano, o esquema só veio à tona porque não foi possível abafar os delatores do esquema da Petrobras. Aécio disse que esconder e camuflar foi a tônica do atual governo, embora não tenha conseguido esconder a corrupção. Ele mencionou que a corrupção chegou a níveis nunca antes atingidos no país.
Aécio Neves disse ainda que o governo escondeu que havia a urgência da necessidade de se fazer ajustes econômicos. Citou que, dias depois da eleição, houve um aumento da taxa básica de juros da economia e deu aval para reajuste do preço dos combustíveis. Durante a campanha, ele lembrou que Dilma negava que havia a alta de preços e a carestia.
Na quarta-feira da semana passada (29), em uma decisão totalmente inesperada, o Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros, para 11,25% ao ano, na primeira ação depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Desde abril, a Selic estava em 11% ao ano.
No comunicado que se seguiu à decisão, a diretoria da instituição avaliou que seria oportuno ajustar as condições monetárias para garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016.
Continua depois da publicidade
Após reconhecer a derrota das urnas, Aécio destacou os “mais pobres” e os nordestinos no discurso. Ele criticou o fato de que o a campanha de Dilma tentou dividir o país entre ricos e pobres.
– Travamos nessas eleições uma disputa desigual, em que os detentores do poder usaram despudoradamente o aparato estatal para se perpetuarem por mais quatro anos – afirmou.
O senador disse ter se colocado nos últimos meses como alternativa de um estado mais eficaz e moderno. Comentou ainda que propôs a reaproximação do Brasil com o resto do mundo, ao qual “demos as costas”.
Aécio falou que subia à tribuna após as eleições com a carga de responsabilidade que teve com a votação e o projeto político do qual faz parte. Mas criticou, em vários momentos, a candidatura adversária.
Continua depois da publicidade
– A mentira foi a principal arma. Mentira sobre o passado, para desviar a atenção do presente – protestou, ao dizer que a oposição foi acusada de propostas que nem sequer fizeram.
Conselhos
Antes do pronunciamento, ele afirmou que irá se empenhar pela derrota do decreto da petista sobre a regulamentação dos conselhos sociais.
– Vamos dar ao decreto bolivariano no Senado o mesmo destino que se deu na Câmara – disse.
Ao ser questionado sobre o uso do termo “bolivarianismo” e se concordava com a expressão, Aécio evitou qualificar a palavra. O senador disse que o usava porque tinha ouvido mais cedo no ato do PSDB com outros partidos de oposição, realizado em um dos auditórios da Câmara.
Continua depois da publicidade
Aécio também comentou o voto que recebeu do ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP), conforme flagrou uma rede de televisão do Amapá.
– Não penalizo o voto do Sarney, não. Ele votou foi no Tancredo. E Tancredo já agradeceu o voto – afirmou.
Derrota
Os deputados rejeitaram, na semana passada, a proposta de Dilma para regulamentar os conselhos de participação popular. A chegada do projeto ao Senado já causou mal estar entre a base governista e o Palácio do Planalto. Na semana passada, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que a proposta gerou “insatisfação” no Congresso.