Atléticas, bronzeadas, bonitas, bem treinadas e vestidas de vermelho e amarelo, como manda o figurino. Esta não é a descrição do elenco feminino de SOS Malibu ou qualquer outra séria norte-americana. A cena pode ser visualizada nas areias da Praia Brava, no Norte da Ilha de Santa Catarina, durante as 12 horas diárias que as guarda-vidas civis zelam pela segurança dos banhistas de outubro a abril.
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Em Florianópolis, são sete mulheres trabalhando nesta temporada. Mais que o dobro do ano passado, quando apenas três atuaram. O número é pequeno no universo de mais de 200 guarda-vidas espalhados pelas praias da Capital, mas este é o verão em que há mais mulheres em serviço.
– No ano passado várias meninas me perguntavam sobre o trabalho. É muito legal porque serve como exemplo. Eu fiquei feliz neste ano quando olhei a escala e vi os nomes de várias mulheres – conta a professora de natação e guarda-vidas civil há duas temporadas Lia de Andrade Silva, de 22 anos.
Para conseguir uma vaga como esta, é preciso passar por um treinamento de 40 dias. Como as vítimas e o mar são iguais para elas e para eles, o curso é idêntico para homens e mulheres.
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– Você faz o treinamento e precisa passar em todas as provas para estar apto. São 40 dias muito intensos – ressalta a estudante de engenharia de alimentos Morgana Baldo, de 30 anos, que participou do curso neste ano e atua como guarda-vidas pela primeira vez.
O interesse das duas surgiu principalmente pela relação com o esporte e pela vontade de ajudar as pessoas. As duas nadam e já realizaram travessias no mar.
– Eu vi o cartaz do curso e fiquei namorando uns dias, até que acabei indo – relata Morgana.
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Mais experiente, Lia já viveu situações de tensão nas águas da Ilha. No verão passado, quando trabalhava na Praia dos Ingleses, também no Norte da Ilha, oito pessoas caíram em buraco e foi preciso agir para trazê-las de volta à areia.
– O mar estava gigante, tinha ondas de dois metros. As pessoas foram sugadas pelo buraco. A adrenalina toma conta da gente, você não sente frio, não sente medo. Uma senhora passou mal e foi muito chocante para mim. Já vi também um senhor ter uma parada cardiorrespiratória – relembra.
O trabalho é sério, a rotina é intensa e são muitas as preocupações das guarda-vidas ao longo de cada turno. Mas elas contam que não estão livres das piadinhas que se repetem quase todos os dias.
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– Falta variedade, eles sempre dizem “vou me afogar” – diverte-se Morgana.
– Quando eu trabalhei em Canasvieiras, o pessoal mexia, jogava areia, mas é coisa de gurizada mesmo – complementa Lia.
De acordo com as garotas, os namorados são compreensivos e não trabalham nesta área. Elas garantem que os romances também não começaram depois de salvamentos.
– O namorado tem pelo menos que saber nadar, né – brinca Lia.