Em meio a investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal envolvendo a compra da refinaria de Pasadena, o preço das ações da Petrobras na bolsa de valores – que vinha em queda desde o início do ano – subiu quase 5% na quinta-feira, surpreendendo quem esperava uma reação negativa do mercado. A valorização diária do papel não esconde os arranhões sofridos na imagem da petrolífera entre investidores, que já reclamavam do excesso de interferência política e agora digerem sucessivas denúncias de irregularidades na estatal.
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A especulação com as ações no mercado segue o calendário eleitoral e aproveita a superexposição causada pelas suspeitas em torno da Petrobras. A surpreendente alta ocorreu no dia em que, contrariando boatos que circularam no dia anterior, uma pesquisa mostrou que a presidente Dilma Rousseff mantém boa vantagem nas preferências do eleitorado.
Mesmo com as suspeitas de irregularidades, o que mais azeda a relação da estatal com o mercado é o controle artificial que o governo exerce sobre o preço dos combustíveis. Para segurar a inflação, Dilma freia aumentos, mesmo quando o barril de petróleo se mantém mais alto no mercado internacional, o que tem pressionado o caixa da empresa há pelo menos dois anos.
A atual presidente da companhia, Graça Foster, que até agora tem conseguido se manter longe dos escândalos, ainda conserva prestígio entre os investidores, que elogiam o perfil técnico da gestora e creditam a má situação financeira à interferência de Dilma e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na estatal. Levantamento do jornal Financial Times, que leva em conta o valor de mercado das companhias, aponta que em cinco anos a petrolífera caiu de 12ªpara 120ªposição entre as maiores empresas mundiais.
– Não acredito que o preço das ações caia com o decorrer das investigações. A não ser que surja fato novo. O mercado já sabia que a compra da refinaria de Pasadena tinha sido mau negócio há muito tempo e tinha precificado isso. O valor baixo dos papéis refletia esse erro estratégico – diz Carlos Müller, analista-chefe da Geral Corretora.
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Desde o início do ano, os papéis da Petrobras registram queda de quase 18%. Nesta sexta, a ação preferencial (sem direito a voto) ficou estável e fechou a R$ 14,02. Quando Dilma assumiu a presidência, em 2011, valia mais do que o dobro, R$ 29.