François Hollande se despediu calorosamente neste sábado do continente afrincano na 27ª Cúpula da África França em Bamako, última visita programada do chefe de Estado francês em solo africano antes do final de seu mandato, em maio.

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“De todos os chefes de Estado francês”, François Hollande “foi aquele cuja relação com a África foi a mais sincera e mais leal”, elogiou o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keïta, abrindo a cúpula na presença de cerca de trinta líderes africanos.

Quatro anos antes, em 11 de janeiro de 2013, uma operação militar francesa ordenada por François Hollande freou uma ofensiva de grupos extremistas ligados à Al-Qaeda, que haviam tomado o norte do Mali e ameaçavam Bamako.

Recebido três semanas mais tarde como um libertador em Bamako, o presidente francês exclamou: “não tenho nenhuma dúvida de viver o dia mais importante da minha vida política”.

“A França estará sempre ao lado do Mali até o fim do processo de paz, até que o governo do Mali possa ter a sua autoridade respeitada em todo o território”, assegurou neste sábado na cúpula.

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Contudo, ainda há muito a ser feito. Grandes áreas permanecem fora do controle das autoridades.

Apesar disso, Hollande elogiou o fato de que “os terroristas já não controlam qualquer território (no Mali), a democracia retomou seu curso, eleições foram organizadas (…) a economia está se recuperando e a reconciliação está em curso”.

‘Lado negativo’

A caminho da capital do Mali na sexta-feira, Hollande fez uma parada simbólica na base militar francesa de Gao, a maior cidade do norte do Mali, uma visita “comovente”, segundo ele.

Hoje, ressaltou, “os africanos devem garantir a segurança dos africanos” e, neste contexto, o compromisso assumido pela França em 2013 para treinar 20.000 soldados africanos por ano foi “cumprido”.

O lado negativo: o ministério da Defesa francês reconheceu na sexta-feira que soldados franceses da força Barkhane mobilizados no norte do Mali mataram no final de novembro um combatente “menor de idade” em um operação anti-terrorista.

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Segundo a revista Jeune Afrique, a vítima era uma criança que os soldados enterraram em segredo.

Em termos de desenvolvimento, a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) indicou que François Hollande vai aumentar em 15% os seus compromissos para mobilizar 23 bilhões de euros para o continente nos próximos cinco anos.

O presidente francês também anunciou o lançamento de um fundo de investimento Franco-africano com EUR 76 milhões ao longo de 10 anos, o primeiro de seu tipo.

A cúpula deve evocar o respeito pelas Constituições, enquanto alguns líderes africanos são tentados a permanecer no poder, mesmo depois de exercer o tempo máximo.

O chefe de Estado da Nigéria, Muhammadu Buhari, e a da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, presidente em exercício da CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados do Oeste Africano), vieram da Gambia, onde realizaram uma outra tentativa frustrada de mediação na crise pós-eleitoral no país.

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E como um símbolo do desejo de democratização do continente, eles decidiram ir a Bamako acompanhados do presidente gambiano eleito Adama Barrow. Por enquanto, o presidente em fim de mandato Yahya Jammeh recusa-se a entregar o poder.

* AFP