Na Ilha ou no Continente, não existe um só local de Florianópolis que João Nilson Zunino não seja conhecido. Esse catarinense de João Batista foi um presidente de pulso firme, decisões fortes, fala pausada e que tinha um amor incondicional ao Avaí. Ele dizia a amigos que tinha sido infectado por um vírus avaiano e que fazia ele agir, em alguns momentos, cegamente em favor do clube. Neste dia 9 de abril de 2016, se estivesse vivo, um dos maiores presidentes azurras da história completaria 70 anos.
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A trajetória de João Nilson Zunino no Avaí não é um caminho de flores e harmonioso. Até ele obter glórias e conseguir mudar o patamar do clube ele foi duramente criticado e até virou motivo de chacota da torcida rival. O ano era 2008 quando os alvinegros criaram a ¿campanha¿ Fica Zunino, uma referência a insatisfação avaiana que queria o presidente longe do clube. Pois, a torcida do Figueirense acertou ao pedir a permanência do cartola, pois os anos seguintes foram de avanças e títulos. Ao todo, Zunino conquistou três título catarinenses, o acesso à Série A e também a melhor campanha de um clube catarinense na elite, um sexto lugar em 2009.
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— Assim que ele foi eleito, me lembro que estávamos no gramado da Ressacada e ele me falou: ¿Quero fazer camarotes naquele lado, colocar elevadores, cobrir a outra arquibancada central e colocar cadeiras em tudo¿. Naquele momento pensei: ¿Elegerem um louco¿. Pois ele cumpriu todas essas promessas, ele não era louco, era um visionário — recorda o médico Luis Fernando Funchal , há quase 18 anos no Leão.
Eleito em 2002, Zunino ficou na presidência do clube até dezembro de 2013. Nesse tempo conquistou a amizade e admiração de um dos maiores ídolos azurras, ídolo que ele ajudou a forjar.
— Foi amor a primeira vista, logo que cheguei ao clube para um tratamento. Na época nem estava no Avaí, jogava pelo São Paulo. Depois ele me trouxe para o clube e sempre que precisei ele me ajudou. Ele era um apaixonado pelo Avaí, isso ninguém pode contestar. Quantas vezes vi as filhas pedirem para ele se afastar do clube, que ele ficava muito tempo lá. Mas ele foi insistente, deu a volta por cima depois de alguns anos ruins e trouxe ao Avaí alguns dos melhores anos da história do clube — lembra, com carinho, o ídolo Marquinhos.
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¿Galego, você não sabe bater pênalti¿
Zunino faleceu no dia 23 de dezembro de 2014, pouco tempo depois do Leão ter conquistado o acesso à Série A. Mesmo muito debilitado pela luta contra o câncer, ele teve energia para vibrar com a vitória e tirar um sarro de seu ¿filho¿ Marquinhos:
— Ele sempre me dizia: ¿Galego, você não sabe bater pênalti¿. Nas nossas peladas de final de ano a gente sempre arranjar um para ele cobrar, era até engraçado o jeito que ele batia na bola, antes de cobrar o pênalti ele dava uma reboladinha. Depois de marcar ele corria na minha direção e falava: ¿Viu, é assim que se faz¿. Ele era o nosso lateral isopor, aquele que nunca vai no fundo. Parece que estou vendo ele agora, brincando. Pois, o último gol que ele assistiu foi meu, justamente de pênalti, contra o Vasco, na Ressacada que garantiu o acesso. Depois do jogo falei com ele: ¿Diz que eu não sei cobrar pênalti¿. O Zunino só me respondeu: ¿Sabe nada, fechou o olho e bateu no meio¿ — revela Marquinhos.
Zunino escreveu, em azul forte, para sempre seu nome entre os maiores torcedores da história do clube e fez o vírus avaiano ser espalhado por Florianópolis.
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