A data que marca o início do inverno no Brasil é também o dia de destacar os cuidados com uma doença que tem nesta estação os períodos mais críticos – a asma. A baixa umidade do ar, a variação climática e o aumento das infecções virais causam mais crises, levando até a internações hospitalares. Por isso, 21 de junho é o Dia Nacional de Controle da Asma, doença sem cura e que precisa ser levada a sério para garantir o tratamento correto e não causar mais problemas a longo prazo.
Continua depois da publicidade
— A maioria dos diagnósticos nunca é feita, porque a pessoa tem asma leve e não dá atenção a ela. A pessoa tem tosse durante vários meses seguidos do ano, tem limitações na atividade física, mas não chega a ter crises e, por isso, acha que é assim mesmo — afirma o pneumologista Fabiano Luis Schwingel, que atua no Hospital Regional e no São José, em Joinville.
A asma ocorre quando os bronquíolos, pequenos canais de ar dos pulmões, ficam mais estreitos, dificultando a passagem do ar. Elas provocam contrações nestes canais e, quando os bronquíolos inflamam, expelem mais muco, o que aumenta o problema respiratório e provoca uma sensação de sufocamento.
— Asmáticos reagem à variação climática porque as vias aéreas reagem a estímulos diferentes, que não deveriam causar problemas e não causam nada a outras pessoas — explica o médico.
Fabiano explica que ela é uma doença crônica e geneticamente predeterminada, e a pessoa irá desenvolvê-la de acordo com os fatores externos e com a patologia que o paciente carrega. O analista financeiro Bruno Eduardo Francisco, por exemplo, já tinha completado 18 anos quando a asma tornou-se um problema na vida dele. Até então, as crises de alergia o levavam a tratamentos para a rinite e a sinusite, até que a alergologista o direcionou para um pneumologista fazer o diagnóstico de asma.
Continua depois da publicidade
Enquanto isso, ele ia com frequência para o pronto-socorro com crises de falta de ar. Tomava medicação padrão e, no dia seguinte, precisava retornar à unidade hospitalar.
— Quando veio o diagnóstico de asma, falei que não era possível. Fui uma criança saudável, nunca tive crises antes de terminar a adolescência — recorda Bruno.
Agora, aos 28 anos, o diagnóstico é de asma grave, que acomete de 5% a 10% das pessoas asmáticas e é a responsável pelo maior número de mortalidade entre os pacientes da doença — estima-se que três pessoas morrem por dia devido à asma, segundo dados do Gina (Iniciativa Global Contra a Asma). Por isso, ele toma todos os cuidados básicos, como manter o quarto sem cortinas e tapetes, não usar cobertor com pelos e manter a casa e o local de trabalho com higiene especial para evitar os fatores alérgicos do ambiente. E, apesar de todas as crises fortes que já viveu — só em 2015 foram cinco internações — ele ainda convive com o preconceito e a descrença de muita gente.
— As pessoas não consideram a asma uma doença grave. Além disso, acham estranho ela ter “aparecido” agora — conta ele.
Continua depois da publicidade
Mesmo depois do diagnóstico, levou alguns anos para que Bruno chegasse ao tratamento correto. Por ter uma asma grave, ele precisa de medicamentos de alto custo, que chegam a R$ 23 mil por mês, com aplicações de injeções, além de uso de corticoides orais e da bombinha de ar. Segundo o médico Fabiano, é a gravidade da asma que determina o tipo de tratamento, com a quantidade de medicamentos até a doença estabilizar. No caso da asma grave, com medicações muito caras, é necessário entrar com pedido judicial para fornecimento gratuito via SUS.
O pneumologista chama atenção para a importância de ter o diagnóstico e fazer o tratamento mesmo no caso da asma leve, para evitar danos irreversíveis mais tarde. É comum que asmas não tratadas na juventude se manifestem de forma muito mais forte nos idosos.
— Imagine uma inflamação não tratada que vai persistir por 40 anos. O número de remédios que a pessoa terá que tomar depois é muito maior — avisa.
A DOENÇA
A asma é uma doença inflamatória crônica da via aérea. Não tem elevada taxa de mortalidade, mas um nível alto de morbidade, atingindo cerca de 20% da população brasileira adulta ou pediátrica.
Continua depois da publicidade
Sintomas
Tem como características principais a tosse recorrente, a sensação de falta de ar, o cansaço e o chiado. Pode ser agravada pelas mudanças climáticas, poluição, infecções respiratórias e tabagismo, que são os principais agressores da vias aéreas.
Prevenção
A população pode atuar na prevenção primária, ao evitar o consumo de cigarro e ambientes com muita poeira e poluição em suspensão no ar, além de investir em uma alimentação saudável. No entanto, a asma também tem propensão genética.
Diagnóstico
O diagnóstico deve ser feito por um médico especialista, o pneumologista.
Tratamento
O tratamento é continuado e tenta prevenir as crises. A medicação preventiva é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de farmácias populares e programas federais.