No Dia Mundial de Combate ao Câncer, 8 de abril, médicos e pacientes oncológicos destacam que o tratamento ideal não se limita apenas aos cuidados focados na doença. É essencial considerar todas as necessidades do paciente, abrangendo os aspectos físicos, emocionais, espirituais e sociais para aumentar a sobrevida e dar mais esperança no tratamento. O catarinense André Marcheto Silva Cazado, diagnosticado com leucemia em agosto de 2023, aponta a importância da terapia e do acompanhamento psiquiátrico durante o processo.
Continua depois da publicidade
Entre na comunidade exclusiva de colunistas do NSC Total
André iniciou a terapia em novembro de 2023 e, através do acompanhamento, entendeu que para lidar com uma doença tão grave era essencial focar no tratamento e no bem-estar. O paciente conta que isso o tem ajudado a aceitar a realidade e se fortalecer para os desafios.
Segundo a esposa dele, Marianne Kreusch, que acompanha todo o tratamento do marido, a terapia está sendo de grande importância, pois ele precisa aprender a lidar com o medo iminente que existe pela doença.
— Como o próprio psiquiatra dele nos disse uma vez, muitas pessoas criam medos baseados em situações que não existem, mas no caso dele esse medo é baseado em um risco real e perigoso — diz Marianne.
Continua depois da publicidade
Com ajuda da terapia, o catarinense passou a ter outros hábitos que vão além do tratamento farmacológico contra a leucemia. André relata que a saúde física virou prioridade. Ele sempre teve dificuldade de se alimentar bem e fazer exercícios, e somente após passar pelo acompanhamento psicológico, começou a focar nestas questões.
Cuidados continuados: o paciente no centro do tratamento
Para os pacientes com câncer, os chamados “cuidados continuados” trazem uma abordagem focada na qualidade de vida, colocando a pessoa no centro do tratamento. Esse serviço é indicado tanto para tratamentos que visam a cura quanto para os pacientes que estão em tratamento paliativo.
— Pacientes com doença metastática, mesmo com sintomas controlados e expectativa de vida longeva, devem ser encaminhados para construir em conjunto com a equipe, e baseado na sua autonomia e nos seus valores, um planejamento dos cuidados nas diversas fases da doença — afirma a médica Gabriela Ghisi, responsável pelos Cuidados Continuados da Oncoclínicas de Florianópolis.
Mortalidade por câncer de pulmão é quase o dobro entre homens em SC
O acompanhamento precoce possibilita a criação de vínculo entre o paciente e a família com a equipe, possibilitando o conhecimento por parte desta sobre os valores e vontades de vida do paciente, permitindo assim um cuidado humanizado e individualizado para cada caso. Além disso, favorece o planejamento de cuidados e a discussão das diretivas antecipadas de vida do paciente, bem como o acolhimento dele e da família em todos os estágios da doença.
Continua depois da publicidade
Tratamento de sintomas depressivos durante o câncer
Gabriela diz que, durante o tratamento de uma doença oncológica, é comum que os pacientes apresentem sintomas ansiosos ou depressivos. Em pacientes que têm esses sintomas e os médicos percebem que piora sua qualidade de vida, existe a indicação de tratá-los, mas com todo cuidado para não interferir no tratamento específico para o câncer.
Rede de apoio é fundamental durante o tratamento de pacientes com câncer
— Dentro da equipe de cuidados continuados a gente tem uma psicóloga à disposição para psicoterapia, a gente orienta medidas não farmacológicas. Em casos que necessitem de medicação, os cuidados que a gente tem no momento de prescrever ansiolíticos e antidepressivos dependem do perfil do paciente. Por exemplo, para quem vem com uma perda de peso e tem mais dificuldade para se alimentar, existem alguns antidepressivos que estão associados a aumento do apetite, com ganho de peso, a gente dá preferência para esses. Já se o paciente tem um quadro de obesidade, damos preferência para outros — explica Gabriela.
A médica ainda destaca que nem sempre os pacientes se encaixam em um diagnóstico de depressão e ansiedade de fato. Às vezes, os sintomas são transitórios no momento do diagnóstico ou no momento em que a doença eventualmente tem uma progressão ou que o paciente tem uma dor nova que ele acredite que possa ser uma progressão. Por isso, o acompanhamento com profissionais qualificados desde os primeiros estágios da doença é tão importante.
*Sob supervisão de Andréa da Luz
Leia também
Beijar o pet faz mal para a saúde? Especialistas explicam os riscos dos “lambeijos”
Outubro Rosa: SC é o Estado com maior incidência de câncer de mama no Brasil