Apesar de ser frequentemente recomendada a quem sofre com a osteoporose, a hidroginástica convencional não tem resultados efetivos no aumento da força e do equilíbrio do paciente. Conforme a educadora física Linda Moreira Pfrimer, o formato das aulas na piscina – com séries longas e muitas repetições – é adequado ao tratamento cardiorrespiratório, mas não estrutural. Melhorar força e equilíbrio para evitar quedas exige trabalho mais intenso – com menos repetições e mais carga.
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– Os médicos recomendam que o idoso vá para a piscina porque exercícios na piscina não têm impacto e oferecem baixo risco de lesão, mas têm resultado muito inferior aos exercícios “de terra”, como musculação. Embora muita gente boa diga o contrário, musculação também não tem impacto, porque a pessoa não pula, só tem estresse muscular – explica Linda.
Na busca por obter, com exercícios aquáticos, resultados semelhantes aos da musculação no aumento da força e do equilíbrio, Linda desenvolveu um novo modelo de hidroginástica, batizado de HidrOS, em sua tese de doutorado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A proposta é aliar conceitos da musculação ao exercício aquático. No modelo convencional de hidroginástica, cada movimento executado lentamente durante cerca de um minuto. Na HidrOS, o tempo de cada série é reduzido gradualmente, impondo mais velocidade às repetições.
Durante seis meses, 108 mulheres pós-menopausa, foram divididas em dois grupos: um de controle e outro na HidrOS. Todas foram submetidas a testes corporais e receberam 500 mg de cálcio elementar e 1000 UI de colecalciferol por dia. No final da pesquisa, o grupo controle não teve alterações nos índices de equilíbrio e força, enquanto o grupo HidrOS obteve uma melhora de 14,9% no equilíbrio; 18,55% na força dos músculos flexores do quadril; 26,2% na força dos músculos extensores da coluna; 13,6% na força manual; e uma redução de 45,6% no número de quedas. Além disso, a densidade óssea do grupo HidrOS, que começou igual ao do grupo controle, terminou 6,4% melhor.
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– É preciso que os profissionais de academias busquem essa especialização e que os médicos saibam dessa diferença, para que os pacientes possam ser atendidos no que eles realmente precisam – diz a pesquisadora.
Segundo Linda, cerca de 200 profissionais no país já estão aptos a trabalhar com a HidrOS. O trabalho teve orientação de Marise Lazaretti Castro, chefe do ambulatório de doenças ósteo-metabólicas da Unifesp, e controu com o apoio do professor de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Luiz Fernando Martins Kruel, para o desenvolvimento da fisiologia dos exercícios.
Saiba mais sobre a osteoporose
Nesta quinta-feira, 20 de outubro, é lembrado o Dia Mundial de Combate à Osteoporose, doença que atinge cerca de 15 milhões de pessoas no Brasil, segundo estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a fisiatra do Hospital do Coração Pérola Plapler, diversos fatores contribuem para o surgimento da osteoporose, como hereditariedade, alimentação, consumo de bebidas alcoólicas e condições hormonais.
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Nas mulheres, a incidência da doença é maior, pois a menopausa feminina começa mais cedo, caracterizada principalmente pela diminuição do estrógeno, um hormônio muito importante no estímulo à formação e na proteção da massa óssea. Já os homens começam seu processo de perda de massa óssea mais tarde e, como têm ossos e músculos maiores, têm um estoque de massa óssea maior, precisando de mais tempo para que seus ossos fiquem mais frágeis. Exercícios físicos e alimentação equilibrada, com ingestão de alimentos ricos em cálcio (leite, iogurte, queijo, sardinha e brócolis) ajudam na prevenção.