Joinville tem mais de 45 mil pessoas com mais de 60 anos. Em 2000, esse número não chegava a 30 mil. Desses, pelo menos 300 vivem em lares e asilos espalhados pela cidade. E os que moram no Lar Betânia, no bairro Bucarein, foram acompanhados de pertinho pelo fotógrafo Diorgenes Pandini, idealizador do projeto Fotolegenda.
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Enquanto visitava os velhinhos, Diorgenes viu gente chegar e partir. Acompanhou a dificuldade e também a gratidão nos olhos de quem trabalha como voluntário. No blog, registrou em fotografias e vídeos a rotina dos idosos que vivem no único lar de Joinville com vagas disponíveis via governo municipal (edital de 2012). Hoje, é a prefeitura quem paga para 21 idosos morarem no Betânia.
Estefânia Rosa Basi, coordenadora do Centro de Convivência do Idoso e presidente do Conselho Municipal do Idoso, quer dobrar o número de vagas em Instituições de Longa Permanência para Idosos (as ILPIs), ainda em 2013. O edital deste ano, encerrado nesta segunda, já previa pelo menos 29 vagas para entidades inscritas no Conselho Municipal de Assistência Social. Esse aumento ajudaria muito, segundo a irmã Cirlei Frigo, que administra o Betânia. Segundo ela, há dias em que a instituição chega a receber quatro ligações pedindo vagas.
– Acredito que se a prefeitura construísse uma ILPI pública, só para abrigar os necessitados, as vagas seriam todas preenchida rapidamente – estima a religiosa.
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O Conselho hoje acompanha outros 25 lares na cidade. Destes, apenas dois são ONGs e as demais estão registradas como comércio e, por meio de contrato de prestação de serviço, instituem um valor que é custeado pela família do idoso, por exemplo. Em parceria com a Vigilância Sanitária e o Ministério Público, o Conselho faz visitas periódicas para verificar as condições desses lares e também do tratamento dispensado ao idoso.
Conhecidas como lares de repouso ou asilos, as ILPIs são locais onde ele pode ter um tratamento diferenciado e cuidados durante todo o dia. E, como em Joinville existem apenas 21 vagas públicas, para viver num desses lares é preciso pagar. Os valores podem variar de R$ 1 mil a mais de R$ 8 mil, no caso das instituições de luxo. Outra opção é contratar um cuidador para manter o ente querido vivendo em casa e para que a família tenha com quem dividir a responsabilidade.
– Um idoso requer muita atenção e cuidados. Exige um esforço tanto emocional e psicológico quanto físico. Mas, nada substitui o carinho e a atenção de uma família quando ainda há vínculos – complementa a presidente.
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A sugestão dela é que cada família reflita sobre a necessidade de procurar uma ILPI para o idoso viver.
– Existem famílias que não têm estrutura psicológica, outras em que o próprio idoso é quem cuida de outro, como um casal que não teve filhos e os sobrinhos não têm obrigação legal de cuidar ou ser responsável. Nestes casos, a melhor opção é que ele vá morar em um ILPI, para que tenha uma qualidade de vida maior – sugere.
Ser colocado em uma instituição dessas não significa necessariamente solidão ou tristeza, como bem percebeu e registrou Diorgenes. O convívio com outros idosos e as visitas, fundamentais, fazem com que os velhinhos levem uma vida bem perto da que tinham em casa. E, às vezes, até bem mais divertida. Lembrando que, quem ficar muito tempo sem visitar o parente, pode ser acionado pela justiça.
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– Existem casos em que a família atende ao pedido, volta a visitar. Mas têm pessoas que nem aparecem para se explicar – completa.
E é aí que as visitas voluntárias, com as feitas pelo fotógrafo do AN, se tornam ainda mais importantes. E garantem sorrisos e afetos que, muitas vezes, transformam tanto a vida do idoso quanto a de quem divide, sem pressa, um pouco de tempo e atenção.
Assista ao vídeo com moradores do lar:
O Dia Internacional do Idoso, comemorado nesta terça, foi instituído em 1991 pela Organização das Nações Unidas e tem como objetivo sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e a necessidade de proteger e cuidar a população mais idosa.
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Serviço
A lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, regulamenta o Estatuto do Idoso. Quem souber de casos de violência doméstica, maus-tratos ou abandono deve ligar para a Secretaria de Assistência Social, pelo número: (47) 3802-3700.