Nesta sexta-feira, 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Mais do que um dia para festejar, é uma data para refletir. A reportagem do jornal Hora de Santa Catarina traz o depoimento de nove mulheres para saber, na opinião delas, o que avançou e o que falta avançar na valorização da mulher.

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As respostas são diversas, há relatos pessoais e até desabafo de mulheres que, muitas vezes, precisam enfrentar uma luta diária por mais espaço e respeito. São situações que vão desde o machismo, agressões sofridas dentro e fora de casa até a falta de respeito por parte de toda a sociedade.

Por outro lado, as entrevistadas destacam o aumento da independência da mulher em relação ao homem e ao mercado de trabalho, mas que está longe de ser o ideal.

Confira os depoimentos:

Marcia Zanzoni, 56 anos, doméstica

— Avançou em muitas coisas, porque antigamente a mulher era tratada pior do que cachorro. Agora nós podemos votar, temos liberdade de trabalhar, de sair, mas tem muitas coisas para mudar. O homem ainda tem que respeitar quando a mulher diz não. Não é não. Porque eles acham que podem fazer o querem. Infelizmente a juventude agora está voltando com o pensamento de como era antigamente, os meninos agridem as meninas nos bailes, nas festas, quando não querem ficar com eles. No mercado de trabalho, ainda está ruim porque o homem é bem mais valorizado do que a mulher.

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Claudete Bueno Portes, 36 anos, doméstica

— Acho que muita coisa melhorou, em questão de direitos, de trabalho. A gente está sendo mais valorizada. Mas ainda tem muita coisa para melhorar. O homem ainda é muito machista, porque a mulher, muitas vezes, trabalha o dobro, mas ele acha que a mulher tem que fazer mais. Eu sei porque já fui casada três vezes, tenho dois meninos adolescentes e sei o quanto eles são machistas. Nessa idade já assim, acham que a gente tem que trabalhar fora, chegar em casa e eles têm que só sentar no sofá e a mulher fazer o serviço da casa. Eu trabalho há 20 e poucos anos de doméstica e quando chego em casa ainda tenho o serviço de casa.

Maura Santos, 54 anos, doméstica

— Tem algumas coisas que já avançaram, mas a maioria, o que realmente é preciso, continua a mesma coisa, só na promessa. A gente tem que ter o mesmo valor que os homens têm no mercado de trabalho, os mesmos direitos. Olha a aposentadoria: eu tenho 23 anos de trabalho fora, trabalho em casa e tenho de esperar até 62 anos. Isso não está certo.

Leda Simão, 66 anos, aposentada

— Hoje em dia a gente vê muitas mulheres nos postos de trabalho no lugar de chefes. São muitas. Por isso, eu vejo uma perspectiva boa nesse sentido. O que ainda é um ponto negativo é a violência. Isso precisa ser trabalhado, mas é uma questão de segurança.

Heloisa Helena Bragança Lima, 75 anos, aposentada

— Depois que a gente vê homem matando mulher, depoimentos de coisas horrorosas que estão fazendo elas, eu já não sei se a coisa piorou ou se antes não era divulgado. Está muito difícil ser mulher, é um desrespeito total. E isso vem de casa. Educação vem de casa.

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Dayane Lopes de Almeida Damas, 25 anos, vendedora

— Na minha opinião, acho que não melhorou, falta muita coisa. Tem muita mulher sofrendo agressão física, muitas registram Boletim de Ocorrência, mas no outro dia perdem a vida.

Daiane de Souza, 39 anos, técnica em enfermagem

— Avançou na independência da mulher, que hoje já não precisa depender do homem, porque no tempo das nossas mães era sempre ele, o esposo, mas agora a mulher é independente, trabalha, cria os filhos sozinha, toma conta de casa sozinha. Mas a sociedade precisa valorizar a independência da mulher, respeitá-la. A sociedade vê a mulher como diamante bruto e que quer talhá-la do jeito que quer, mas a mulher não quer isso.

Larissa Brito, 23 anos, estudante de engenharia

— A gente já conquistou bastante coisa, mas ainda falta muito, principalmente em relação ao preconceito, questões de limitação. A sociedade está muito presa a valores antigos e isso, muitas vezes, vem de dentro de casa. Por exemplo, a minha mãe que tem muito preconceito ainda. Mas ela foi criada assim. Enfim, a gente tem que batalhar bastante para conseguir passar por essas barreiras.

Leila Trindade, 38 anos, corretora

— Estamos avançando cada vez mais no mercado masculino e essa igualdade na questão de que não importa se somos homens ou mulheres, nós viemos aqui para fazermos um trabalho juntos e de mãos dadas. Nem homem é mais, nem mulher, independente desse personagem que vestimos, estamos aqui para fazer algo maior e que unidos no amor nós vamos conseguir chegar lá.

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