– Você escuta bem? Você está falando comigo e duas bombas caíram agora mesmo perto de onde estou – diz o engenheiro civil palestino Zacarias Attoun, após alguns segundos de interrupção da conversa com Zero Hora desde a Faixa de Gaza causada por um forte estrondo.

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– Hoje (terça-feira) eram 2h e nós tivemos que acordar e ir para um abrigo antiaéreo. Na sexta-feira, foram quatro alarmes. Escutamos os foguetes caindo aqui em volta – relata, do lado israelense, o contador brasileiro Luís da Matta morador de Kiryat Gat, no sul do país.

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A terça-feira começou com a esperança de trégua entre os dois lados do conflito, mas ao cair da noite no Oriente Médio, as bombas e foguetes permaneciam sendo lançados e alimentando rancor de lado a lado.

– De centenas de mísseis lançados (pelo grupo extremista palestino Hamas), nenhum tinha objetivo militar. Todos eram civis. A intenção deles é fazer terror – diz Matta, 51 anos, um carioca que mora há 32 em Israel.

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Attoun, 53 anos, não tem melhor imagem do Estado israelense:

– Estamos falando de trégua, mas as bombas seguem caindo. Chegaram todas as autoridades internacionais, mas Israel segue bombardeando. É uma guerra contra o povo palestino.

Apesar das negociações para um cessar-fogo, a violência se agravou: pelo menos 26 palestinos e dois israelenses morreram, em um dos dias mais sangrentos da ofensiva. Israel considera o Hamas terrorista e exige que pare de lançar foguetes. Já o Hamas, que não reconhece o direito de existência israelense, pede o fim de restrições ao território impostas desde 2007.

Nas negociações diplomáticas, com o Egito como mediador, as conversas prosseguiam com a presença da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que desembarcou à noite em Tel-Aviv. Hillary disse acreditar que “uma solução duradoura seja alcançada nos próximos dias”.

Nos ataques que hoje entram no oitavo dia, o agravamento de uma disputa histórica provoca medo.

– Não estou em casa. Tive que sair porque ontem (segunda-feira) porque ela quase foi bombardeada. Caíram bombas na sede da Brigada Militar Interior, que fica ao lado de onde vivo. Vidros e janelas quebraram. Minha casa foi muito afetada – conta Attoun.

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– Aqui, na frente da minha casa, eu olho em direção a Gaza e vejo sair mísseis – explica o brasileiro Matta.

Baixa nas forças armadas de Israel

Em Gaza, onde não há crime maior do que colaborar com Israel, seis supostos “espiões” foram mortos com tiros de fuzil (foto ao lado) pelo Hamas. Um dos homens, antes de morrer, foi linchado por uma multidão.

As forças israelenses informaram que um de seus soldados foi morto na região de Eshkol, no sul de país, na que parece ser a primeira vítima militar israelense desde o recrudescimento. Segundo o exército, o soldado Yosef Fartuk, de 18 anos, morreu após ser atingido por um foguete disparado a partir de Gaza. Quatro civis israelenses também morreram em decorrência dos foguetes – em grande parte interceptados no ar pelo sistema de defesa israelense – desde a última quarta-feira. Do lado palestino, já são pelo menos 137 vítimas, incluindo 27 crianças.