Como tantos outros profissionais da área da saúde no Brasil e no mundo, Livia Crespo Drago e Franco Andrius Ache dos Santos vêm atuando no combate à pandemia de coronavírus desde o ano passado. Neste ano, com o início da vacinação contra a covid-19, os dois passaram a trabalhar nas campanhas e também nos locais de aplicação da vacina.

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E foi no Centro de Saúde do Alto Ribeirão, em Florianópolis, que ambos se esbarraram – depois dos caminhos quase terem se cruzado algumas vezes:

– A gente brinca que Floripa só tem três pessoas, né? Eu, você, e alguém que a gente conhece – diz Livia, rindo. – Depois que se conheceu, a gente soube que convivia nos mesmos ambientes sem ter realmente se cruzado antes: nós dois fizemos mestrado e doutorado na mesma época na UFSC; eu na enfermagem, ele na saúde pública. Ele fez mestrado com dois amigos meus, e a gente não se conheceu na época.

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– No drive-thru fica todo mundo paramentado, mas no primeiro dia em que nos vimos ele não estava todo paramentado como os outros enfermeiros: ele prefere usar o jaleco dele, pessoal, em vez do descartável – conta Livia sobre Franco. – E no jaleco dele tem o símbolo da UFSC e está escrito “mestre epidemiologista”. Aí, eu olhei e pensei “Ai, que metido” (risos). Claro, todo paramentado a gente não vê muita coisa; então, a princípio, o que me chamou atenção foram os olhos dele: ele tem um olhar muito bonito. E também a personalidade: ele é muito prestativo, muito trabalhador, eu via como ele atendia bem a população, e tudo isso eu achava muito legal.

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Foto registrada no dia em que Livia e Franco se conheceram, no Centro de Saúde do Alto Ribeirão, em Florianópolis
Foto registrada no dia em que Livia e Franco se conheceram, no Centro de Saúde do Alto Ribeirão, em Florianópolis (Foto: Arquivo pessoal)

Foi a própria Livia quem tomou a iniciativa, já em um segundo drive-thru trabalhando juntos no mesmo setor.

– Em algum momento em que o movimento diminuiu um pouco, sentei e estava fazendo uma publicação no Instagram, e ele estava perto de mim – ela explica. – Aí eu pensei: “Olha, uma oportunidade para eu puxar assunto e ter algum contato além do trabalho”. Então perguntei o que ele tinha achado da montagem que fiz no Instagram, e ele me pediu para eu enviar a ele pelo WhatsApp. Aí falei que não, que eu ia enviar pelo Instagram. Porque no Instagram dá pra dar aquela stalkeada, né? Ver se é casado ou não (risos)… E a partir disso começamos a conversar praticamente todas as noites.

O primeiro encontro “oficial” aconteceu depois da terceira vez em que os dois trabalharam juntos: foi um almoço na casa de Livia, com muita conversa, mas sem sequer um abraço – porque os dois, justamente por causa da pandemia, estavam evitando se tocar.

– Tínhamos um receio mútuo. Ambos já estávamos com a primeira dose da vacina; tomamos no dia 1º de fevereiro. Mas a segunda dose foi só no final de abril – diz Franco.

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– Em algum momento, a gente se deu as mãos; e, por algum motivo, quando demos as mãos eu senti que era para ser. Estamos construindo essa relação desde fevereiro – afirma Livia.

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O casal vinha de um período de bastante estresse e ansiedade, em função da pandemia – e consideram que tanto a descoberta de um novo relacionamento quanto o próprio trabalho nas campanhas de vacinação foi um respiro em meio ao caos.

– Eu vinha de um período de home office, respeitando bastante a questão do distanciamento social, ficando em casa mesmo. Voltar para a assistência nesse momento gerou bastante ansiedade – conta Livia, que entrou para a rede municipal de saúde de Florianópolis em outubro de 2020, depois de um tempo trabalhando como professora na Unisul. – Houve um momento em que o sistema de saúde de Florianópolis entrou em colapso, e nesse período essa ansiedade foi ainda maior. Perdemos muitos pacientes.

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– Trabalhar nas campanhas de vacinação é um alento, traz esperança. É uma alegria muito grande poder participar desse momento. E é uma loucura pensar que nesse contexto todo, de pandemia, de tantas mortes, a gente conseguiu se encontrar, se enxergar, estar disposto a construir um relacionamento saudável. E conforta tanto… Ele também vivencia as mesmas coisas que eu, então a gente pode se acolher melhor. Temos visões de mundo muito parecidas – conclui Livia.