Em 34 anos de profissão, o taxista Valdir Cesar Viana, 61 anos, passou praticamente metade da vida dirigindo um táxi. Conhecido por sua gentileza, ele é do tipo que não nega corrida. Nos anos 1970, iniciando na profissão, até alma penada ele transportou. Valdir conta que tinha acabado de deixar um passageiro próximo ao batalhão do exército, no Estreito, quando um homem acenou. O sujeito entrou no táxi, sentou no banco atrás de Valdir e pediu para ser levado até o cemitério de Barreiros, em São José:

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– Achei bom, porque era bem o ponto que eu trabalhava. Quando chegamos próximo, fui dar a seta para virar e parar, e vi que o homem tinha sumido. Olhei e vi ele caminhando já dentro do cemitério, mas a porta do carro estava fechada. Fiquei branco, comecei a tremer, e parei no ponto. Os outros taxistas perguntaram o que foi, e viram o homem caminhando já entre os túmulos. Até hoje penso que só podia ser a alma de um morto – contou.

De tanto tempo que passa dentro do táxi, o que não falta para Valdir são história para contar. Começou dirigindo um fusca, no tempo que o taxímetro era do tipo borboleta, e precisava dar corda para funcionar. Hoje trabalha dia sim dia não no ponto da Rua Emilio Blum, no Centro, mas tem seus passageiros fiéis que busca em qualquer lugar:

– Tem umas senhoras, um velhinho que vem de bengala e adora papear, e umas moças que saem à noite e gostam de tomar um pouquinho, daí sempre ligam pra eu ir buscar – conta.

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Orgulho da profissão

Apesar de certo preconceito que ele diz existir contra a categoria, e der te sido assaltado quatro vezes, Valdir diz ter muito orgulho da profissão. Mesmo quando se aposentar pretende continuar trabalhando:

– Vivo feliz, trabalho feliz. Já ajudei muita gente dirigindo táxi. Uma criança já quase nasceu dentro do meu carro, os médicos vieram correndo na porta da maternidade. Uma vez, quando dirigia um Passat, vinha com um cliente e teve um acidente terrível no Morro dos Cavalos, coloquei mais quatros pessoas no carro e levei para o hospital. A mensagem que gostaria de deixar é para que todos os colegas se respeitem, e trabalhem com prazer – finalizou.