O dia 23 de novembro serve para chamar a atenção de pais, professores, amigos e também da classe médica para o combate ao câncer infantil. No Brasil, essa é a primeira causa de morte por doença na faixa etária entre cinco e 19 anos.
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Na coluna vertebral, a dor nas costas, principalmente à noite, quando o corpo está em repouso, e o surgimento de manchas “café com leite”, indicam que algo está errado nas crianças e nos jovens. A atenção precisa ser redobrada, pois as brincadeiras e as diversões dos pequenos podem não ser o maior motivo.
A maioria das neoplasias é de origem metastática, quando as células tumorais saem do seu local de origem e se espalham pelo organismo, alojando-se em algum órgão. Segundo estudos da Universidade Federal de São Paulo, 69% dos casos de metástase estão nas vértebras, mas não há sinais além da dor.
– Nas crianças e jovens, o processo é o mesmo que nos adultos, mas os fatores de risco são menores. O câncer, muitas vezes, é uma doença silenciosa. Quando temos sintomas como a dor e o aumento de volume na região espinhal, devemos procurar imediatamente o médico, para fazermos o diagnóstico e afastarmos a possibilidade de doença maligna – explica o ortopedista Aldemar Roberto Rios, especialista em cirurgia oncológica da coluna.
A dor noturna é característica do diagnóstico, não sendo incomum o despertar do paciente à noite. Segundo o médico, se ela aparece quando não há movimento do corpo, o sinal é alarmante.
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– Mesmo que a criança apresente hematomas e machucados por causa das suas brincadeiras, a dor persistente não é normal, principalmente quando ela está parada. A coluna foi feita para sustentar o peso do corpo e se movimentar. Se há incômodo, tanto parado quanto em movimento, é uma particularidade que deve ser observada pelos pais e responsáveis e avaliada pelos médicos – alerta o especialista.
Atenção para o diagnóstico tardio
O tumor pode ser de origem primária, por caracterizar o início do processo em um órgão, tecido ou na corrente sanguínea. Na coluna vertebral, a neoplasia primária pode surgir em células do sistema nervoso, que se encontram ao longo da espinha. Esse tipo já foi diagnosticado em crianças de cinco anos. Há também as neoplasias ósseas, ou o câncer primário no osso, como a maioria dos casos diagnosticados em adolescentes.
A professora Bruna Baierle, 25 anos, fez parte dos casos incomuns. Aos 12 anos, a gaúcha de Venâncio Aires apresentava um quadro com muita dor nas costas, que foi se intensificando enquanto os diagnósticos dos especialistas eram inconclusivos. Aos 23 anos, Bruna descobriu que tinha um tumor ósseo maligno de origem primária na região lombar, um condrossarcoma. A luta contra a doença resultou em uma cirurgia de remoção do câncer e reconstrução da coluna.
Hoje, Bruna ainda apresenta vestígios da luta na perna esquerda, mas tem uma vida normal, ao lado do marido e da filha de três anos. No entanto, ela garante que o diagnóstico precoce e a atenção das pessoas poderiam ter encurtado sua jornada de combate.
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– Eu deveria ter insistido mais na adolescência para procurar um especialista. Meus pais achavam que eu não tinha nada grave e algumas pessoas não acreditavam em mim. É preciso alertar que o que aconteceu comigo não pode ocorrer com outras pessoas. A dor nunca é normal. É o nosso corpo avisando que tem algum problema – conta.
De acordo com o Instituto de Câncer Infantil do Rio Grande do Sul, o índice de cura fica em torno de 70% dos casos, quando o diagnóstico é realizado precocemente.