Para manter o comando do jogo ilegal em Brasília e cidades do entorno, o bicheiro Carlinhos Cachoeira teria montado um esquema com características semelhantes às adotadas pela máfia.

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Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cachoeira teria inclusive comandado um sequestro, em 2009.

A partir de grampos telefônicos da Polícia Federal que flagraram conversas entre integrantes do grupo apresentados noite deste domingo no programa Fantástico, o MPF firmou convicção de que o bicheiro estava por trás do sequestro de Eleon Alves Moreira. O contraventor desconfiava que os caça-níqueis estavam sendo fraudados e que dinheiro estava sendo subtraído das máquinas. Idalberto Matias, o Dadá, sargento reformado da Aeronáutica e araponga próximo de Cachoeira, ligou para o chefe para avisar que investigava a suspeita. O bicheiro queria que Eleon confessasse o prejuízo à quadrilha. Dias depois, os dois conversavam sobre o caso:

– Era melhor ele ter baixado a bola e não ter levado pescoção – disse Dadá.

Cachoeira respondeu:

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– Exatamente. Malandro, tinha que tomar na orelha dele. Vigarista.

Ao Fantástico, o advogado de Eleon nega que o cliente tenha sido sequestrado. Dadá disse que prefere ficar calado.

As investigações da Operação Monte Carlo, que levaram à prisão de Cachoeira em 29 de fevereiro contam, além das gravações, com detalhes da organização contábil do suposto grupo criminoso. É possível verificar, por exemplo, que o Cachoeira tomava 30% da receita de cada um dos pontos de jogatina na área em que comandava. As investigações indicam ainda que o bicheiro pagava propina regularmente a 38 policiais – o que incluía integrantes da Polícia Federal e da Polícia Civil local.

O programa exibiu ainda imagens que indicam que o policial rodoviário federal Alex Sandro Klein da Fonseca estaria envolvido no suposto esquema. Nascido em Cruz Alta, Fonseca era, segundo o MPF, tratado pela quadrilha com “tchê” e “gaúcho”. A história do policial rodoviário foi contada por Zero Hora em reportagem publicada em 8 de abril. Ainda que as imagens não demonstrem o pagamento de suposta propina a Fonseca – que teria sido feito por Lenine Araújo, braço direito de Cachoeira -, a contabilidade da quadrilha aponta um repasse de R$ 4 mil no mesmo dia para ele. À reportagem do Fantástico, o policial gaúcho negou ter recebido propina. Ele está afastado da Polícia Rodoviária Federal.