Os catarinenses que desejarem conhecer melhor como se iniciou a mobilização popular e política contra a ditadura militar e pela redemocratização do Brasil terão hoje a oportunidade de conhecer um dos protagonistas. O jornalista alagoano Audálio Dantas vai autografar na Assembleia Legislativa, às 19h, o livro As Duas Guerras de Vlado Herzog, com selo da Editora Civilização Brasileira.
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Líder sindical combativo, era presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo quando, em 1975, o jornalista Vladimir Herzog foi morto nos porões do Doi-Codi, em São Paulo. Era diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo. O Brasil mudou a partir dali. Uma coincidência histórica marca este evento político-literário.
Para denunciar as violências do regime, Audálio Dantas contou com dois grandes aliados: o catarinense D. Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo e a mais respeitada liderança católica do país, e o pastor presbiteriano Jaime Wright, irmão do deputado estadual Paulo Stuart Wright, morto pela ditadura e cujo corpo não foi encontrado até hoje.
D. Paulo, o pastor Wright e o rabino Henry Sobel denunciaram desde o primeiro momento a versão oficial de que Vlado Herzog tinha se suicidado. Acusaram o regime de tê-lo matado na prisão e, apesar de ameaças de repressão brutal, realizaram um ato ecumênico que marcou o início da volta à democracia. Os momentos de tensão, terror e medo, que marcaram aqueles acontecimentos, com prisões, torturas e morte no Doi-Codi e os riscos que os jornalistas corriam são minuciosamente relatados por Audálio Dantas em sua última e bem documentada obra.
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Autor chega aos 81 anos com novas conquistas
Ex-deputado federal e ex-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, integrou o grupo que transformou a Realidade numa das publicações mais inovadoras e prestigiadas do Brasil e, por reportagens inéditas, recebeu vários prêmios. As principais matérias estão no livro O Circo do Desespero. Tem vários trabalhos sobre Graciliano Ramos.
As Duas Guerras de Vlado Herzog exigiu muita pesquisa e tempo de reflexão do autor. Audálio começa a relatar a perseguição nazista sofrida pela família durante a Segunda Guerra na Europa até a morte de Vlado sob tortura no Brasil. Ético, talentoso, independente, Audálio Dantas chega aos 81 anos com marcantes e novas conquistas. Foi o curador do 2º Salão do Jornalista Escritor, realizado em São Paulo no último fim de semana. E receberá o Prêmio Juca Pato como Intelectual do Ano, a ser conferido pela União Brasileira de Escritores.
Presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, tive o privilégio de conviver e aprender com sua extraordinária liderança e com seu profissionalismo em congressos, eventos e reuniões durante anos na luta pelo fim da censura. Revelou-se um excepcional companheiro, um grande e leal amigo e também um exemplar líder sindical que não se deixava levar por ideologias, ranços ou esquemas partidários. Lutou sempre pelo bom jornalismo. Não fosse sua firme, inquebrantável, corajosa e lúcida liderança, a história do Brasil teria sido outra.
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